16/10/2018

Brasil ganha mercado de soja na China, mas perde espaço para EUA na Europa

Brasil ganha mercado de soja na China, mas perde espaço para EUA na Europa

Desde acentuação da guerra comercial, americanos exportaram 188% mais para europeus.

Os Estados Unidos exportaram apenas 68 mil toneladas de soja para a China em agosto. Um volume muito pequeno em relação ao 1,22 milhão e ao 1,92 milhão de toneladas nos meses de agosto de 2017 e de 2016, respectivamente.

Essa queda ocorre devido à guerra comercial entre os dois países, e o Brasil está sendo o grande ganhador com o recuo das exportações americanas.

De janeiro a setembro, os brasileiros já exportaram 55,1 milhões de toneladas de soja para a China, 15% mais do que em igual período de 2017.

De janeiro a agosto, as exportações dos EUA para a China caíram para 6,35 milhões de toneladas, 33% menos do que em igual período de 2017.

Os americanos perderam o mercado chinês, mas ganharam o europeu. Nos últimos quatro meses, quando a guerra comercial se acentuou, a Europa importou 188% mais soja dos Estados Unidos.

Nesse caso, foram os americanos que roubaram parte do mercado brasileiro na Europa. A evolução das vendas externas do Brasil para os europeus foi de apenas 7% no período.

O avanço dos americanos no mercado europeu, porém, não dá muito fôlego às exportações daquele país. A Europa tem uma importação restrita, em relação à chinesa.

Os americanos perderam o mercado chinês, mas ganharam espaço em outros países da Ásia. Nessa região, à exceção da China, o Brasil teve retração de 31% nas vendas.

Enquanto não houver uma solução para a guerra comercial entre os dois países, os preços da soja vão ficar contidos na Bolsa de Chicago.

“Sem a China, o mercado perde o dinamismo e tem dificuldades para subir”, diz Daniele Siqueira, analista da Agência Rural.

Os estoques finais de soja dos americanos, que foram de 8,2 milhões na safra 2016/17, subiram para 11,9 milhões em 2017/18. Aumento de produção e dificuldades nas exportações deverão elevar esse volume para 24,1 milhões de toneladas no período 2018/19.

Na avaliação de Siqueira, o mercado pode até ter períodos de alta, como o ocorrido nesta segunda-feira (15), mas será provocado por questões pontuais de mercado.

Nesta segunda, o contrato de novembro fechou a US$ 8,9150 por bushel na Bolsa de Chicago, 2,5% mais do que na sexta-feira (12).

Queda do dólar, antecipação do período de neve em algumas regiões dos Estados Unidos —o que atrasa a colheita— e esmagamento interno maior da oleaginosa permitiram a alta de preço (Folha de S.Paulo, 16/10/18)