13/12/2017

Brasil reforça governança após escândalo em processamento de carne

Brasil reforça governança após escândalo em processamento de carne

O Ministério da Agricultura lançou um programa nesta terça-feira para garantir que produtores brasileiros cumpram com leis, incluindo regras ambientais e contra o trabalho infantil, após um escândalo no setor de processamento de carnes levantar dúvidas sobre os produtos alimentares do país.

O programa desenvolvido pelo ministério e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) concederá um selo agrícola de integridade a empresas e entidades do setor que adotam práticas de gestão a fim de evitar desvios de conduta.

“O selo de integridade mostrará a consumidores domésticos e internacionais que a companhia está produzindo alimentos de acordo com os mais altos padrões de qualidade”, disse o vice-ministro da Agricultura, Eumar Novacki, à Reuters.

Uma investigação da Polícia Federal revelou em março evidências de que algumas unidades de processamento de carnes estavam pagando propina a inspetores para ignorarem alimentos vencidos e estragados.

A investigação mirou companhias que incluíam a BRF, maior exportadora de frango do mundo, e a JBS, maior produtora de carnes do mundo. As empresas negaram as irregularidades e disseram que seus produtos atendem aos rigorosos padrões de qualidade.

O escândalo fechou temporariamente mercados de exportação para a carne brasileira, causando perdas para a indústria, sem contar o prejuízo para a imagem do setor.

O ministério vai montar um comitê com membros do governo, do setor de negócios e sociedade civil, que concederá os selos após uma avaliação de seis meses das companhias.

Autoridades do ministério disseram em junho que 1.600 inspetores adicionais estavam sendo contratados, um aumento de 50 por cento, para expandir o monitoramento.

Novacki disse que a investigação chamada “Carne Fraca”, que tinha o objetivo de eliminar a corrupção, prejudicou a reputação de produtores de carne brasileiros.

“Nós aprendemos que tinhamos que agir de um modo muito rígido e transparente para reafirmar mundialmente a qualidade da nossa inspeção alimentar, e então esse programa de conformidade para encorajar a boa governança”, disse ele.

O Brasil já recuperou a maior parte de seus mercados de carne, embora os Estados Unidos ainda mantenham uma suspensão à carne bovina in natura brasileira, após ampliarem a fiscalização ao produto nacional, diante do escândalo sanitário, e encontrarem algumas inconformidades.

Os EUA bloquearam importações de carne bovina in natura do Brasil em junho, menos de um ano após abrir o mercado ao país. Autoridades dos EUA disseram que inspeções de carregamentos que chegavam ao país revelaram defeitos na carne como abcessos, tecidos proibidos e materiais não identificados.

Novacki culpou medidas protecionistas de produtores dos EUA pela suspensão, mas disse que negociações com o governo norte-americano têm sido “muito positivas”, acrescentando que deverá ser retirado em breve (Reuters, 12/12/17)

 


Brasil está perto de retomar envio de carne in natura aos EUA

O Brasil está “muito próximo” de retomar as exportações de carne bovina in natura para os Estados Unidos, o que deve ocorrer no início do próximo ano, disse nesta terça-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

Ele disse ter falado com representantes dos EUA para que sejam “claros” se haveria “problemas políticos” que atrapalhariam essa retomada.

“Obviamente, eles não aceitaram essa argumentação. Nós vamos continuar a mandar carne para lá e, por razões técnicas, estamos muito próximos de resolver essas questões também”, declarou Blairo a jornalistas.

“Todos os quesitos que foram pedidos pelos órgãos fitosssanitário dos Estados Unidos, nós conseguimos resolver e estamos prontos para mandar as plantas para lá. Já reabilitamos as plantas para a carne processada, agora queremos voltar a carne fresca”, afirmou.

Os EUA decidiram suspender as compras de carne do Brasil em junho, menos de um ano após abrir o mercado ao país.

Autoridades dos EUA disseram que inspeções de carregamentos que chegavam ao país revelaram problemas na carne como abscessos e tecidos proibidos (Reuters, 12/12/17)