07/05/2024

Impacto fiscal da calamidade no RS será mais extenso do que se imagina

Impacto fiscal da calamidade no RS será mais extenso do que se imagina

Neste momento, não dá para calcular a extensão dos novos problemas, os fiscais e os que decorrerão da quebra da atividade econômica na região. Foto Ricardo Stuckert PR

 

 

Por Celso Ming

Não dá para limitar os estragos apenas aos gaúchos; fluxos de produção, comércio e pagamentos extrapolam os limites geográficos do Estado ou dos municípios atingidos.

Até agora, as avaliações sobre o impacto fiscal das calamidades do Rio Grande do Sul limitaram-se às despesas extras que o Tesouro Nacional teria com a ajuda aos flagelados e à recuperação da infraestrutura.

Mas o estrago sobre as contas públicas será mais extenso e mais profundo. O governo do Estado do Rio Grande do Sul e os municípios assolados pelas enchentes terão enorme quebra de arrecadação.

Os pagamentos aos funcionários públicos e aos fornecedores dos governos poderão ser suspensos. Ou, na melhor das hipóteses, se o Banco do Brasil e o governo federal aceitarem o repasse de créditos especiais para que as autoridades possam cumprir seus compromissos, as dívidas públicas aumentarão em alguma proporção.

Também o governo federal será obrigado a adiar na região a cobrança de impostos, como o IPI, o PIS-Cofins, Pasep e o Imposto de Renda. Muitas pessoas não terão condições mínimas para entregar sua declaração de rendimentos até 31 de maio.

As razões que passaram a pesar foram as mesmas que tornaram inevitável o adiamento desse prazo no Rio Grande do Sul. No entanto, como muitas informações para a declaração poderão ter ficado temporariamente indisponíveis em escala nacional, pode ser necessário estender esse adiamento para o resto do País.

Parece também inevitável que, além de forte quebra do movimento do comercial, certo número de pessoas físicas e empresas não conseguirá honrar no seu vencimento duplicatas, dívidas, carnês e boletos.

O risco é de que ocorra, em alguma escala, algo parecido com o que aconteceu no Plano Collor, quando o governo decretou o congelamento de depósitos bancários e de cadernetas de poupança: ninguém pagou ninguém, a economia entrou em colapso.

E não dá para limitar os estragos apenas aos gaúchos. Os fluxos de produção, comércio e pagamentos extrapolam os limites geográficos do Estado ou dos municípios atingidos.

Neste momento, não dá para calcular a extensão dos novos problemas, os fiscais e os que decorrerão da quebra da atividade econômica na região (Estadão, 7/5/24)