15/04/2024

Investimentos de montadoras vão somar R$ 125 bi no Brasil até 2032

Investimentos de montadoras vão somar R$ 125 bi no Brasil até 2032

Montante foi anunciado em evento na nova sede da associação com a presença do presidente Lula.

O setor automotivo vai investir R$ 125 bilhões no Brasil até 2032. O anúncio foi feito pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) nesta sexta-feira (12).

O montante foi revelado em evento de inauguração da nova sede da entidade na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, em São Paulo. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros.

"Os senhores foram decisivos para este resultado", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, aos políticos presentes. O montante engloba os aportes feitos desde 2021, durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Participaram da cerimônia ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Comércio e Indústria e vice-presidente) e Ricardo Lewandowski (Justiça).

A soma deste último ciclo de investimentos da indústria automobilística contabiliza a produção de veículos leves e pesados, além de maquinário agrícola e implementos rodoviários.

Durante o evento, Haddad pediu que os "bancos das montadoras" se adequem rapidamente para fazer o spread (diferença entre os juros do que o banco toma de crédito e o tanto que ele cobra para oferecer crédito) caia e, assim, as vendas dos veículos subam no Brasil.

O discurso foi corroborado por Lula, que durante seu discurso ressaltou a importância de que o trabalhador ganhe "um pouco mais para que possa comprar um carro" e cobrou queda de juros "para que o trabalhador possa pagar menos".

Durante as falas, nenhum agente político cobrou recuo nos preços dos automóveis, que seguem tendência de alta diante de todos os investimentos que a indústria tem feito para sua modernização e adequação aos novos parâmetros da transição energética.

 

Após o evento, em conversa com jornalistas, o presidente da Anfavea ressaltou que o crédito ficou muito caro no Brasil. Em 2023, apenas 30% dos carros novos foram vendidos por meio de financiamento.

Em relação aos preços dos veículos, o executivo afirmou que os custos de produção aumentaram ao longo dos anos. "Mas se aplicarmos a inflação sobre o preço dos carros populares do passado, o valor chegaria a R$ 80 mil", disse.

Lula cobrou ainda a volta do Salão do Automóvel de São Paulo — a última edição ocorreu em 2018.

A Anfavea estuda um formato semelhante a feiras como a Agrishow, em que é permitida a comercialização dos produtos em exposição.

Lula também questionou a queda de produtividade da indústria automotiva nos últimos anos. "Estamos produzindo metade dos veículos que produzíamos em 2010. Quem errou?", disse diante de presidentes de montadoras presentes no evento.

PRESIDENTE ELOGIA MINISTROS

Durante seu discurso o presidente elogiou seus ministros. Lula agradeceu seu vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afirmando que o "primeiro acerto da campanha foi chamar o Alckmin para vice".

O presidente elogiou a disponibilidade de Alckmin de se aliar com um antigo rival político, e afirmou que sente "saudade" de quando a rivalidade nas eleições presidenciais do país estava em PT e PSDB. "Saudade de quando a gente era civilizado e nem sabia", afirmou, sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

E não faltou elogios ao estilo do vice-presidente. "Nesses dias nós criamos um programa aqui no Brasil chamado Pé-de-Meia. Ah, uma coisa antes: se vocês não conseguirem, se a nossa política não conseguir vender todos os carros que a gente quer, a gente pode vender meia. Olha a meia do Alckmin como é que está, é uma meia que parece um Salão do Automóvel", disse, ao comentar a meia do vice-presidente com desenhos de carros.

Lula também agradeceu pelo trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que, segundo ele, "merece homenagem pela paciência" que tem em suas negociações junto com Congresso de pautas econômicas como a reforma tributária, que foi aprovada no ano passado e agora precisa ser regulamentada.

Segundo Haddad, a partir da próxima semana ele falará com os presidente da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para que a matéria tenha celeridade em sua regulamentação.

Alvo de críticas de Lira nesta semana, Lula fez questão ainda de lembrar o trabalho que o ministro Padilha tem desempenhado. Na véspera, o presidente da Câmara disse que o ministro de Relações Institucionais é "incompetente" e que o petista é seu "desafeto pessoal".

"Esse é um tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses para que o novo faça novas promessas. Mas só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério", afirmou (Folha, 13/4/24)