08/05/2024

Lula demora em anunciar medidas e erra ao ir e voltar do RS em tragédia

Lula demora em anunciar medidas e erra ao ir e voltar do RS em tragédia

Presidente Lula sobrevoa área alagada no Rio Grande do Sul - Ricardo Stuckert PR

 

Presidente anunciou a medida mais incisiva para enfrentar a crise uma semana após início das enchentes.

O presidente Lula (PT) demorou para ir ao Rio Grande do Sul. Foi ao estado pela primeira vez na última quinta-feira (2), um dia após participar do evento esvaziado de Dia do Trabalhador em São Paulo e três dias depois do início dos temporais que devastaram diversos municípios no estado.

Fez uma visita a Santa Maria, até então epicentro da tragédia. Prometeu orçamento ilimitado para reconstruir os municípios atingidos, mas não anunciou nenhum repasse concreto ou imediato de verba.

Foi embora no mesmo dia. À noite, após o presidente presenciar o caos, o governo emitiu uma nota para afirmar que não iria adiar o Concurso Público Nacional Unificado.

Aos 80 mil gaúchos inscritos, prometeu empenho para que conseguissem fazer a prova, apesar de cidades estarem sem acesso e locais de exame estarem debaixo d’água.

As críticas, imediatas, não vieram só da população gaúcha. O Executivo teve que recuar.

No sábado (4), as enchentes tomaram Porto Alegre e região. Cidades como Canoas, com 348 mil habitantes, ficaram com mais de 100 mil pessoas desalojadas.

Mais uma vez, a ação do governo federal foi tímida. Desembarcaram no estado naquele dia os ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, de novo sem nenhum anúncio concreto na mala.

A tragédia não parou de aumentar, como era previsto, e Lula foi obrigado a retornar ao Rio Grande do Sul no domingo (5). Seguiu o protocolo da política convencional e sobrevoou áreas devastadas para ver imagens que um drone poderia captar. Enquanto isso, pessoas esperavam helicópteros para serem resgatadas nos telhados de casa.

Ao que parece, o presidente subestimou o tamanho da tragédia.

O presidente, que passou 75 dias fora do Brasil em 2023 na necessária ofensiva para reconstruir a imagem do Brasil perante o mundo, não quis dormir longe de casa e voltou para Brasília no próprio domingo.

As medidas mais incisivas foram anunciadas a partir desta segunda (6), uma semana após o começo da catástrofe. Lula encaminhou um projeto de decreto legislativo para flexibilizar regras fiscais e viabilizar o envio de verbas ao Rio Grande do Sul (Folha, 8/5/24)