15/04/2024

‘Temos de ver onde erramos para voltarmos a ser a 6ª economia global’

‘Temos de ver onde erramos para voltarmos a ser a 6ª economia global’

LULA  ANFAVEA Foto Paulo Pinto Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da cerimônia de inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea), em São Paulo. 

 

Presidente diz que em 2015 a indústria produzia 6 milhões de carro e hoje fabrica metade do que era feito em 2010.

O País precisa ver onde errou para conseguir voltar a ser a sexta maior economia do mundo, afirmou nesta sexta-feira, 12, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou ter orgulho de dizer que o Brasil viveu o melhor momento da indústria automobilística durante seus mandatos, mas salientou que não consegue entender a evolução do cenário do setor.

“Quando eu deixei a presidência, a última conversa que eu tive com a Anfavea era de que em 2015 estaríamos produzindo 6 milhões de carros. Estamos em 2024 e estamos produzindo quase metade do que produzíamos em 2010. Quem errou?”, questionou. “Foram vocês que desconfiaram do Brasil ou o Brasil que deixou de fazer o que deveria ser feito?”

Na inauguração da nova sede da Anfavea, em São Paulo, o presidente defendeu que é preciso “andar para frente sem olhar para trás” e que o governo tem compromisso com “tecnologia nova, inovação, geração de empregos, aumento da massa salarial, e, portanto, com a venda de mais produtos e mais exportação.”

 

Lula ainda afirmou que é preciso que o País aprenda ser grande e vá ao exterior vender produtos. “Fico imaginando como os vizinhos do Brasil compram um carro de 12 mil quilômetros de distância enquanto estamos aqui”, disse.

 

Ele prometeu apoio em “tudo o que for necessário” ao crescimento da indústria, mas também cobrou ajuda do setor produtivo na tramitação da agenda econômica do governo no Congresso.

“Da nossa parte, da parte do governo, não faltará dedicação e apoio para fazer o que precisar ser feito no Congresso Nacional”, disse Lula, pedindo apoio dos empresários ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

 

“Vocês podem ajudar. Agora, na reforma tributária, cada um de vocês conhece lá, um deputado, quatro deputados. Não vai deixar o Haddad sozinho. Vocês têm de conversar com os deputados: ‘vamos votar isso que é bom para o Brasil, que é bom para o emprego, que é bom para a indústria automobilística’. É um compromisso de todos nós com o País”, frisou Lula aos representantes das montadoras, quando o governo está prestes a enviar a regulamentação da reforma tributária ao Legislativo.

 

Num discurso feito de improviso, o presidente assegurou compromisso com tecnologia nova, inovação, geração de emprego, aumento da massa salarial, vendas internas e exportações. Em contrapartida, também pediu à indústria de veículos, setor que recebeu mais de R$ 19 bilhões em incentivos fiscais no programa Mover, a retomada do Salão do Automóvel. “O que quero pedir como contrapartida é pouco.”

 

Segundo Lula, o Brasil tem uma chance extraordinária e inédita de se transformar em uma grande potência econômica. Após reclamar do baixo número de acordos comerciais do País, o presidente expressou uma visão de política comercial focada em mercados compatíveis com os produtos feitos no Brasil, ao invés das economias mais desenvolvidas. “Não vamos exportar a países ricos, precisamos procurar mercados que precisam do Brasil.”

 

Por fim, ao concluir sua fala, Lula disse que, se a Anfavea, o grupo das montadoras de veículos, estiver disposta a apoiar o governo, haverá uma parceria. O presidente encerrou o discurso manifestando o desejo de voltar a se encontrar todos os anos com o setor para dizer que “valeu a pena o Brasil voltar a acreditar na indústria automotiva” (Estadão, 13/4/24)