BNDES tem alta de 14% no lucro e de 17% nos desembolsos até setembro
- Resultado recorrente alcança R$ 11,2 bilhões no ano
- Indústria supera agropecuária nos financiamentos
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro recorrente de R$ 11,2 bilhões de janeiro a setembro de 2025. O valor representa uma alta nominal de 14,2% ante o mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta sexta (14).
O resultado recorrente exclui fatores extraordinários, que não devem se repetir.
Quando a análise considera o lucro contábil total, o valor registrado foi de R$ 17,2 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. Nesse recorte, houve queda de 9% ante 2024, provocada pela redução no pagamento de dividendos da Petrobras, conforme o banco.
"O lucro líquido recorrente é o que diz respeito às atividades de crédito do BNDES. É um crescimento muito expressivo [14,2%] para essa conjuntura", afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.
Ele citou como desafios a desaceleração de parte da economia, a taxa básica de juros elevada e o tarifaço dos Estados Unidos.
DESEMBOLSO CRESCE 17%
De janeiro a setembro, os desembolsos do BNDES alcançaram R$ 101,9 bilhões, alta de 17%. São os recursos que o banco libera para investimentos em diferentes setores da economia.
A instituição informou um aumento de 50% nos desembolsos para a indústria, que chegaram a R$ 27,3 bilhões. O apoio às fábricas é uma promessa de campanha do governo Lula (PT).
Os desembolsos para a indústria ficaram acima dos registrados para a agropecuária e o setor de comércio e serviços, que somaram R$ 24,9 bilhões (+19%) e R$ 19 bilhões (+12%), respectivamente.
O BNDES também liberou R$ 30,6 bilhões para infraestrutura. O desembolso para esse setor ficou estável de janeiro a setembro.
Mercadante prometeu o anúncio de um grande projeto na área de infraestrutura em breve. Ele não deu detalhes sobre a iniciativa.
O fluxo de financiamentos do BNDES começa nas consultas, que alcançaram R$ 266,5 bilhões de janeiro a setembro. Isso corresponde a um aumento de 3% em relação aos nove primeiros meses de 2024.
Depois das consultas, vêm as aprovações dos financiamentos, que se mantiveram estáveis. Somaram R$ 139,2 bilhões de janeiro a setembro. Essas operações tendem a virar desembolsos no futuro.
De acordo com o diretor financeiro e de mercado de capitais do banco, Alexandre Abreu, o quarto trimestre deve mostrar um crescimento robusto nas aprovações de financiamentos.
Segundo o executivo, considerando apenas o terceiro trimestre, a instituição teve um lucro líquido recorrente de R$ 3,9 bilhões.
O balanço ainda mostrou que a carteira de participações societárias do BNDES atingiu R$ 83,6 bilhões ao final de setembro.
Houve aumento de 1,8% em relação à posição de dezembro de 2024 com valorização de investimentos em empresas não coligadas e alienação de ações.
As principais empresas investidas em termos de carteira total continuam sendo Petrobras, JBS, Eletrobras e Copel.
Mercadante voltou a dizer que o banco está apostando em projetos voltados para inovação e descarbonização e "saindo" de setores tradicionais. Nesse segundo caso, ele citou a pecuária.
Em maio deste ano, o BNDES anunciou a redução da participação da subsidiária BNDESPar na processadora de carnes JBS, de 20,81% para 18,18%.
O governo Lula defende uma atuação fortalecida do banco no financiamento a diferentes setores da economia. A posição é vista com ressalvas por economistas que temem um inchaço do BNDES e uma eventual reciclagem de ideias de outros mandatos do PT.
A direção do banco já rebateu as críticas em mais de uma ocasião, dizendo que aposta em áreas consideradas estratégicas (Folha, 15/11/25)

