11/02/2022

Instituto para impulsionar inovação e sustentabilidade no agronegócio

Legenda: Presidente do Instituto Agrogalaxy, Sheilla Albuquerque acredita que a produção do agricultor brasileiro pode ser carbono positiva. Foto Divulgação

 Sheilla Albuquerque - Instituto Agrogalaxy - Foto Divulgação

Por Erich Mafra

 

Nova entidade quer buscar em conjunto soluções ESG que melhorem a realidade dos produtores rurais .

 A Agrogalaxy, plataforma de venda de insumos, serviços e tecnologia para o campo, com sede em São Paulo (SP), lançou hoje (10) o Instituto Agrogalaxy. A ONG (Organização Não Governamental) sem fins lucrativos foi criada para  “promover conhecimento, educação e inovação para impulsionar o desenvolvimento sustentável no campo”. Com o instituto, a ideia é reforçar o pilar ESG da empresa, destinando às ações 1% de sua receita líquida. No mais recente balanço, a Agrogalaxy registrou um  faturamento de R$ 1,844 bilhão.

 “Com a criação do instituto, queremos saber o que podemos fazer com outros pares do setor para melhorar ainda mais as práticas agrícolas”, conta Sheilla Albuquerque, vice-presidente de negócios do Agrogalaxy e diretora-presidente do novo instituto. “Eu acredito que o agricultor brasileiro pode ser carbono positivo, essa é a minha tese. Acho que precisamos nos esforçar para descobrir manejos, formas e produtos para tornar soja e milho em carbono positivo.”

Para isso, o instituto lançará desafios ao setor do agronegócio a partir de concursos.  “O nosso intuito é o de atrair startups, scale-ups e membros da comunidade científica que desejem submeter projetos que estejam alinhados ao desafio proposto pelo instituto”, afirma Sheilla. O primeiro concurso será lançado em março, com o foco na inclusão social dos trabalhadores do campo.

  A ideia é que o foco seja a crescente digitalização do campo, movimento que demanda por mão de obra cada vez mais especializada. “Teremos esse olhar da educação do trabalhador do campo em novas tecnologias. Se o setor realizar a digitalização sem se preocupar com a mão de obra, poderemos criar uma massa de desempregados.” Está nos planos, acompanhar os projetos apoiados pelo instituto e avaliar o impacto real das soluções escolhidas.

 A entidade também já discute uma parceria com diferentes hubs de inovação para se aproximar da rotina de startups que podem auxiliar nas mudanças no setor, que deve ser uma das principais chaves para a redução de emissões de gases do efeito estufa até o ano de 2030. 

 Quem compõe o Instituto Agrogalaxy?

Com a criação do instituto, a Agrogalaxy passa a ter um braço de atuação direta no terceiro setor, uma prática que vem ganhando espaço na pauta das empresas. Em muitos países, o terceiro setor desempenha papel fundamental no contexto social. De acordo com a mais recente atualização do Mapa das OSCs (Organizações da Sociedade Civil), publicado em dezembro de 2021 pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2020 havia 815,6 mil organizações desse tipo no país. 

  Para estruturar a entidade, a Agrogalaxy, como recomendam os especialistas nesse tipo de organização, foi em busca de lideranças do setor que podem contribuir como conselheiros. São nomes fortes do agronegócio que vão ditar as suas diretrizes. 

 Entre eles estão o administrador Marcello Brito, ex-presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), ambientalista e há dois anos co-facilitador na Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura; o engenheiro agrônomo Marcelo Boechat Morandi, que desde 2015 é diretor geral da Embrapa Meio Ambiente, unidade localizada em Jaguariúna (SP); mais Isabela Pascoal Becker, diretora de sustentabilidade da Daterra Coffee e da Fundação Educar Dpaschoal, empresa com fazendas na região de Patrocínio (MG), e a engenheira ambiental Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, empresa que analisa terras e apoia agricultores nas áreas ambiental e social, e uma das integrantes na Lista Forbes das 100 Mulheres Poderosas do Agro. Também faz parte do grupo a advogada Tarcila Ursini, conselheira de administração na Agrogalaxy e na Korin Agropecuária, uma das principais marcas de alimentos orgânicos do país.

 “A gente compôs esse grupo considerando pessoas que tivessem experiência com o produtor rural de ponta, pesquisa, inovação e em tecnologias ambientais e sociais”, explica Tarcila. “Todos têm um perfil muito agregador para construir essa transição sustentável para o agro, mas sem deixar de se posicionar quando necessário.” A entidade ressalta que os conselheiros são voluntários 

 De acordo com Mônica Alcântara, diretora de ESG da Agrogalaxy e vice-presidente do instituto, no futuro o plano é ter um número maior de conselheiros na entidade, dando foco à diversidade de gênero, idade e raça. A diretoria do instituto é formada por 13 pessoas, sendo cinco na executiva, cinco no conselho administrativo e três no fiscal.  Desse total, sete são mulheres. “Queremos dar o exemplo a outras organizações, fortalecendo o papel das mulheres na liderança do instituto”, diz Alcântara. “Isso é uma raridade não só no agronegócio, mas no mercado como um todo” (Forbes, 10/2/22)