14/12/2021

ADM atingirá em 2022 rastreabilidade total da cadeia de soja no Brasil

ADM atingirá em 2022 rastreabilidade total da cadeia de soja no Brasil

SILOS ADM Imagem Divulgação ADM

A trading norte-americana de grãos Archer Daniels Midland Company (ADM) está reforçando e expandindo suas políticas de sustentabilidade na América Latina. A meta é atingir 100% da rastreabilidade da soja originada no Brasil, na Argentina e no Paraguai até o fim de 2022, contam ao Broadcast Agro a diretora global de Sustentabilidade, Alison Taylor, e o líder de Sustentabilidade para América Latina, Diego Di Martino. “Esse é um compromisso muito importante para nós. Há bastante atenção sobre rastreabilidade e desmatamento, em particular no Brasil”, diz Alison. Por aqui, a meta é antecipada: prevê atingir a totalidade de seus mais de 8,5 mil fornecedores rastreados até o fim deste ano.

No Brasil, a trading já rastreia toda a sua cadeia direta de soja, ou seja, toda a oleaginosa adquirida diretamente dos produtores rurais. Agora, a companhia está investindo na ampliação da rastreabilidade dos fornecedores indiretos - cooperativas, cerealistas e revendas. A empresa afirma que pretende atingir a totalidade de fornecedores indiretos de soja rastreados ainda este ano, sem revelar o volume atual alcançado. De acordo com os executivos, a estratégia é começar pela soja, com planos de expansão para a cultura do milho, embora a maioria dos fornecedores de soja também oferte o cereal.

No País, a ADM origina, processa e comercializa soja e milho para o mercado interno e o externo, na média de 14 milhões de toneladas e 3 milhões de toneladas, respectivamente, por safra. Também atua na produção de ração animal, biocombustíveis, produtos químicos e ingredientes especiais para a indústria. A soja corresponde a aproximadamente 75% do volume de produtos comprados que é processado nas plantas da companhia no Brasil.

 “A ADM rastreia as origens de alto risco há um tempo. Agora, decidimos não monitorar apenas áreas de alto risco de desmatamento ou conversão onde poderia haver agricultura e rastrear as áreas do País inteiro, de fornecimento direto e indireto”, relata o líder de Sustentabilidade da ADM para América Latina, Diego Di Martino.

Atualmente, a trading estima que entre 60% e 70% da soja adquirida no País é comprada diretamente dos produtores. Os principais fornecedores indiretos estão na região Sul, em virtude da presença massiva de cooperativas e em áreas cultivadas há mais tempo, segundo eles. No Norte, aproximadamente 95% dos grãos adquiridos vêm de fornecedores diretos. Por bioma, a ADM estima que 95% da soja na Amazônia é adquirida diretamente dos produtores, enquanto no Cerrado o índice é 88%.

Argentina e Paraguai, onde a empresa possui participação importante no fornecimento de soja, também estão incluídos na meta de rastreabilidade total até o fim de 2022. Meta que, segundo os executivos, pode ser cumprida talvez antes desse prazo final. Eles não contam o volume atual de soja rastreado nestes países. “Este é um compromisso em que trabalhamos bastante e já melhoramos significativamente nossa rastreabilidade”, afirma Alison.

Para alcançar a meta, a companhia adota monitoramento das propriedades rurais por satélite, softwares e cruzamento de dados com informações públicas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR). “Utilizamos tudo o que está publicamente disponível e que podemos ter acesso, para que possamos cruzar com as informações dos contratos e tomar uma decisão antes de fazer um compromisso ou uma compra”, aponta Di Martino.

 Esses controles, observa o executivo, ajudam a companhia no cumprimento de compromissos e de protocolos como a Moratória da Soja da Amazônia, da qual é signatária. “A rastreabilidade se estende também a outras questões, como sociais. Por exemplo, cruzamos dados com informações do Ministério do Trabalho para garantir que não tenhamos fornecedores com trabalho escravo, infantil ou outras ações erradas. Cada vez mais as pessoas exigem isso e nós também”, afirmou Di Martino.

A tecnologia, segundo Alison, permite à companhia ter certeza sobre o que realmente está acontecendo nas fazendas, saber que evita áreas ligadas a desmatamento, de preservação permanente e protegidas e verificar a origem do fornecimento. “Muitos de nossos clientes e seus consumidores exigem saber de onde vêm os alimentos. Portanto, entendemos que a rastreabilidade ou identificação de onde está o seu abastecimento não se refere apenas à cadeia de abastecimento ser sustentável”, pontua Alison.

Globalmente, a companhia possui o compromisso de ser livre de qualquer tipo de desmatamento até 2030 em todas suas cadeias produtivas mundiais. “Estamos levando o desmatamento a sério e evitando grãos dessas áreas, e queremos demonstrar que levamos isso muito a sério, o que significa que precisamos saber onde estamos comprando”, afirma Alison. Objetivo que, segundo a empresa, está sendo trabalhado “arduamente” para ser antecipado. “No Brasil, o desmatamento legal é um problema crítico. A conversão de área ainda não é bem compreendida. Nossos compromissos podem ir além do Código Florestal Brasileiro”, pontuou Di Martino, mencionando que a trading não descarta formas de compensação a produtores que preservam além do que é estimulado por lei no Brasil.

Pegada ambiental 

A ADM também trabalha na redução das emissões de gases ligados ao efeito estufa de suas atividades, do menor uso de água, na diminuição de resíduos e da sua intensidade energética. Todas essas ambições estão inclusas no seu plano de longo prazo de sustentabilidade, lançado em março do ano passado e com metas para serem cumpridas até 2035, o chamado “Strive 35”. “Estamos na segunda geração dos nossos quatro objetivos ambientais. Portanto, nos próximos 15 anos, estaremos reduzindo nossa pegada ambiental”, diz Alison.

No caso dos gases relacionados ao efeito estufa (GEEs), a empresa pretende reduzir em 25% as emissões absolutas até a presente data. A companhia aposta em novas tecnologias para alcançar a redução. Segundo a executiva, na América do Norte a trading vai empregar uma tecnologia chamada de “net power” - que queima gás com oxigênio e usa dióxido de carbono supercrítico para acionar uma turbina em vez de vapor, o que elimina todas as emissões atmosféricas, incluindo poluentes tradicionais e CO2.

 “Este é um exemplo de como esperamos encontrar novas tecnologias para avançar ainda mais rápido na nossa meta”, aponta a executiva. Quanto à eficiência energética, a multinacional objetiva diminuir em 15% o uso de energia até 2035. Até lá também pretende reduzir em 10% a quantidade de água utilizada nas suas operações (Broadcast, 13/12/21)