03/05/2018

Agricultura 4.0: tecnologia soma conectividade e produtividade no campo

De dentro máquina ou do sofá de casa, é possível acompanhar cada etapa do plantio, da pulverização e da colheita no campo

Plataforma apresentada na Agrishow se adapta a equipamento de qualquer marca e facilita obtenção de dados. Outra central permite gerenciar, online, as operações de uma fazenda.

O dispositivo é pequeno. Tem menos de 200 gramas e cabe na palma da mão. Um tamanho oposto ao das mudanças que está ajudando a provocar na produção de alimentos no mundo: trazer alta conectividade à agropecuária. O sistema é apenas um exemplo dos vários que compõem a chamada Agricultura 4.0, que alia alta tecnologia, conectividade, produtividade e respeito ao meio ambiente e à saúde pública.

Basta acoplá-lo à máquina agrícola para que se possa acompanhar, de dentro da própria máquina ou no sofá de casa, pela internet, cada movimento do plantio, pulverização e colheita no campo. Se pintar um problema, uma decisão corretiva pode ser tomada na hora.

As operações podem ser acompanhadas por meio de um aplicativo, que reproduz, virtualmente, exatamente o cenário da lavoura. A máquina e a área de produção são transformadas numa espécie de desenho animado. Os movimentos observados na tela geram mapas instantâneos da propriedade, como a quantidade de sementes lançadas no solo ou o volume colhido.

Desenvolvida pela Climate, braço da Monsanto para agricultura digital, a plataforma Climate Fieldview, é direcionada à produção de grãos. Numa das salas montadas na feira, a empresa instalou um telão no chão, de 4 metros por 2,5, pelo qual é possível visualizar o que vai sendo explicado pelos vendedores. É como se o visitante estivesse numa fazenda em miniatura.

O gerente de produto Guilherme Belardo explica que, além de se adaptar a equipamentos de qualquer marca, a plataforma facilita, também, a obtenção dos dados mesmo em caso de não haver conectividade com as máquinas. Por meio de um outro aplicativo, é possível baixar as informações acumuladas nos tablets de cada uma e reuni-las em um mapa único, que dá um panorama de toda a área.

Outra possibilidade da plataforma é identificar, durante trabalhos de plantio e colheita, partes dessa área que estejam com problemas, como o ataque de pragas, fotografá-las e identificá-las com um pin (alfinete) virtual. Posteriormente, um sistema de busca localiza o ponto exato para que o agricultor possa corrigir as falhas.

Agricultura 4.0

Segundo o professor e pesquisador Mário César Souza e Silva, que tem uma empresa de desinfecção industrial, o conceito de Agricultura 4.0, abrangente, envolve todas as etapas da produção, desde a capacitação das pessoas envolvidas até a adoção de tecnologias que permitam que todos os segmentos da cadeia produtiva agrícola trabalhem de maneira integrada.

“É uma união de forças pensando na produtividade e em ambiente limpo, com o uso da tecnologia”, resume.

A agricultora Gabriela Nichel, de Chiapeta (RS), se rendeu à conectividade e aos encantos das novas tecnologias. Adquiriu uma plataforma de tempo real para cinco colheitadeiras, seis tratores e dois pulverizadores que operam nos 3,1 mil hectares de soja e milho da família.

O investimento foi feito diante das dificuldades encontradas para obter o máximo de desempenho das máquinas. “Era muito trabalhoso tirar as informações de cada uma. Eu não conseguia gerar os mapas. E o resultado do trabalho ficava abaixo do esperado. ”

Do futuro

Oferecer soluções tecnológicas de acordo com as mais urgentes demandas dos produtores é uma das características da Agricultura 4.0. A John Deere, uma das gigantes mundiais em equipamentos para o campo, aproveita a Agrishow para lançar um conjunto de tecnologias que, segundo a empresa, estão alinhadas a isso.

Uma delas é a Conectividade Rural, em parceria como uma empresa de desenvolvimento, produção e distribuição de equipamentos de telecomunicações, que consiste na instalação de torres de transmissão nas propriedades de acordo com perfil do produtor. Com isso, ele poderá se conectar à internet em locais em que não há alcance das operadoras móveis.

“Oferecemos a conexão entre máquina, tecnologia, pessoas e inteligência, que proporcionam maior eficiência e rentabilidade de forma sustentável. Em nossa visão, é a agricultura do futuro, e ela começa com o campo totalmente conectado”, diz o presidente da John Deere Brasil e vice-presidente de Vendas e Marketing da América Latina Paulo Hermann.

Outro lançamento é o Operations Center, uma central pela qual se pode gerenciar, online, todos os dados obtidos das operações de uma fazenda. A maior vantagem, para Rodrigo Bonato, diretor de vendas para a América Latina, é a redução de custos, já que o produtor pode identificar, de forma muito rápida, as etapas da produção em que ocorrem gastos desnecessários.

Para maior eficácia do programa, a companhia, que organizou o estande em quatro partes, conforme as fases da lavoura – preparo de solo, plantio, tratos culturais e colheita –, vem promovendo adaptações nos equipamentos.

Um pulverizador já tem, no teto, uma miniestação meteorológica, para que o aplicador possa acompanhar as condições climáticas em tempo real. Uma colhedora de algodão equipa cada fardo com um sistema de radiofrequência, para que ele possa ser rastreado. E uma outra, de cana, reduz em 1,6% as impurezas vegetais que vêm junto com a matéria-prima, o que representa um aumento do volume enviado para a usina e, consequentemente, diminuição na emissão de carbono na atmosfera por tonelada colhida (G1, 2/5/18)