19/11/2025

Após superar média, alimentação fica abaixo da inflação em 2025

Após superar média, alimentação fica abaixo da inflação em 2025

Homem realiza compras em supermercado em Brasília, no Distrito Federal.Foto Reprodução Uol

 

Em novembro, alimentos têm deflação e acumulam 2,40% neste ano, aponta a Fipe.

 

Após uma aceleração dos preços nos anos recentes, os alimentos poderão subir menos do que a taxa média de inflação em 2025. De janeiro de 2020 a outubro deste ano, a inflação geral foi de 63%, bem abaixo dos 96% da alimentação.

 

Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), entidade que divulgou dados nesta terça-feira (18) que indicam o grupo de alimentação com deflação no mês. Até o final de outubro, a inflação dos alimentos atingiu 2,4% em São Paulo, abaixo dos 3,3% do índice geral. A queda nos preços dos alimentos se deve à boa safra dos principais produtos destinados ao consumidor.

 

Entre as quedas mais representativas estão arroz, feijão e leite. Nos cálculos da Fipe, esses três produtos somam R$ 2,22 dos R$ 24,55 gastos mensalmente pelos paulistanos com a alimentação. O arroz, após uma frustração de safra em 2024, atingiu produção recorde de 12,8 milhões de toneladas neste ano, segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Oferta interna maior e mercado externo pouco favorável para as exportações do cereal fizeram o preço recuar 23,3% no acumulado dos dez primeiros meses deste ano.

 

O feijão, também com boa oferta na primeira safra, registrou queda de 7% no ano nos supermercados. Os consumidores pagam menos também pelo leite. Investimentos no campo nos anos recentes e um clima mais favorável do que em períodos anteriores elevaram a oferta do produto, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), permitindo uma queda de 1,5% nos preços do leite longa vida no varejo.

 

O óleo de soja, apesar da safra recorde de 171 milhões de toneladas do grão, cai apenas 2,3% no ano. O Brasil continua elevando as exportações de soja, mas também aumentando o processando interno da commodity. O esmagamento maior de soja, 59 milhões de toneladas segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), coloca mais óleo no mercado, mas parte dele vai para o biodiesel, que teve o percentual de mistura aumentado.

 

As carnes, que voltam a registrar aumento de preço neste mês, ainda acumulam queda no ano. Custos menores de produção, devido à oferta maior de milho e de farelo de soja, além do aumento nos abates, seguraram os preços. A carne suína teve retração de 6,1% neste ano, uma queda superior à da bovina, que foi de 1,5%. Já a de frango acumula alta de 2,4% até outubro.

 

A safra de trigo não foi boa, recuando para 7,7 milhões de toneladas neste ano, obrigando o país a elevar as importações. Com isso, os preços das massas e farinhas subiram 2% até outubro. O clima favoreceu também boa parte das lavouras de produtos "in natura", mantendo uma estabilidade média nos preços para o consumidor. O grupo de batata, cebola e alho teve queda de 27%, mas os legumes, puxados por tomate e por chuchu, acumulam elevação de 20%. As frutas caíram 0,6%.

 

Nas próximas semanas, a demanda cresce para alguns produtos, principalmente para as carnes. Além da demanda interna pela proteína nas festividades de final de ano, a China, que voltou a comprar frango do Brasil, antecipa importações (Folha, 19/11/25)