Apostas de Lula para melhorar popularidade esbarram em dificuldades
LULA-Foto Wilton Junior Estadão
Por Adriana Fernandes
Risco é o desespero bater, o presidente acelerar o PIB e os juros permanecerem altos por mais tempo.
Três das quatro maiores apostas no campo econômico do presidente Lula para reverter o tombo da sua popularidade, apontado na nova pesquisa Datafolha, estão longe de estarem garantidas.
O programa Pé-de-Meia para estudantes do ensino médio, a ampliação do Auxílio Gás e a isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000 com a taxação dos milionários não devem sair como o governo planejou.
A revogação da cautelar do TCU que bloqueou o dinheiro do Pé-de-Meia deu um alívio. Mas deixou um rastro de incertezas a serem resolvidas no prazo de 120 dias que os ministros deram ao governo para incluir a verba no Orçamento de 2025.
O governo não vai bater de frente com o TCU. Nem seria prudente depois que o tribunal apontou que não vai aceitar que despesas de políticas públicas sejam pagas por fundos privados, como o governo vinha fazendo.
Em 2024, o governo fechou o Pé-de-Meia com 3,9 milhões de estudantes. A ideia é aumentar os beneficiários até 2026. Com a decisão do TCU, será mais difícil.
O mesmo vale para o Auxílio Gás. O plano ambicioso de remodelagem do programa para elevar de 5,6 milhões para 20 milhões caiu por terra porque previa renúncias de receitas fora do Orçamento.
A reformulação prometida por Fernando Haddad para colocar as despesas dentro do Orçamento está próxima, mas o seu alcance não será o mesmo. Mesmo assim, Lula nesta semana aumentou a aposta e prometeu entregar botijão de cozinha gratuito para 22 milhões de famílias.
Como se sabe, a desoneração da tabela do IR, que beneficia a classe média, exigirá também uma difícil negociação para viabilizar a compensação da perda de receita.
A quarta aposta do Lula é o lançamento do consignado privado, que promete se tornar a maior evento do setor bancário do ano. Nesse ponto, não há problemas à vista. Lula e os banqueiros estão em uníssono tom.
Com a mais baixa aprovação de Lula, o risco é o desespero bater e o presidente ligar o motor para acelerar o PIB para recuperar a sua popularidade. Nesse cenário, teremos juros altos por mais tempo (Folha, 15/2/25)

