29/09/2020

Aprosoja rompe com Abag após documento sobre desmatamento na Amazônia

Aprosoja rompe com Abag após documento sobre desmatamento na Amazônia

Segundo representante dos produtores de soja, apoio da entidade a documento da Coalizão Brasil Clima Floresta Agricultura foi “estopim”.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) anunciou nesta sexta-feira (25/09) o rompimento com a Associação Brasileira do Agronegócios (Abag). De acordo com o presidente da entidade que representa os sojicultores, Bartolomeu Braz, a decisão foi tomada após a Abag endossar um documento da Coalizão Clima Floresta Agricultura com seis medidas para conter de forma rápida o desmatamento na Amazônia. “Aquilo foi o estopim”, diz Braz.

O documento, enviado na semana passada ao governo federal, propõe medidas como a intensificação das ações de fiscalização no bioma, suspensão dos registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de imóveis com área sobreposta a florestas públicas e bloqueio das operações de crédito a produtores com registro de desmatamento posterior a julho de 2008.

“Eles só defendem o meio ambiente e mais nada, é uma entidade que não entendo o papel dela. Eles não têm a percepção do econômico pro lado do produtor. Eles têm do lado do negócio, que é o do banqueiro”, reclama o presidente da Aprosoja.Ainda de acordo com Braz, o posicionamento da Abag por medidas adicionais para conter o desmatamento na Amazônia reflete interesses políticos da entidade e agrava a imagem do Brasil no exterior. “Estão querendo defender o ganho deles, mas se eles quisessem fazer algo pelo meio ambiente eles pagavam pelas reservas legais dentro das propriedades. Mas nunca teve uma oferta dessa”, aponta o produtor e ex-diretor da entidade. A partir do rompimento, Braz prepara a formação de uma terceira entidade, representativa dos produtores.

“Nós estamos fazendo um grupo do bem. Porque esse, pra nós, é do mal. Eles não querem o bem do Brasil. Se quisessem, não estariam chicoteando o Brasil, mas sim tentando tendo resolver os problemas internos”, aponta o presidente da Aprosoja ao acusar a Abag de “politicagem”. “A turma do 011 nao é chegada na política que está acontecendo, tem outras preferências, e usa a entidade para isso. Eles não aceitam esse sistema político e querem derrubar o atual para colocar do jeito deles”, acusa Braz.

Procurada, a Abag informou que não comenta o desligamento de associados.

Moratória da Soja

A Aprosoja Brasil defende também o fim da Moratória da Soja, um compromisso firmado entre indústria processadora  e organizações da sociedade civil para conter o desmatamento no bioma amazônico. Pelo o acordo, as empresas ficam impedidas de adquirir a oleaginosa de áreas desmatadas.

"Primeiro as nossas leis de soberania nacional. Agora fazer essa reserva de mercado que eles fazem, de não aceitar vendas de áreas que foram desmatatadas legalment, e nós não concordamos", diz Bartolomeu Braz.

Segundo ele, a entidade já teve reuniões com Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e com o vice-presidente Hamilton Mourão para derrubar a moratória, vigente desde 2006.

"Nós estamos tratando disso com as principais atores, não temos nada concreto ainda, mas eles não vão conseguir resistir por muito tempo. A pressão está muito grande", revela Braz (Globo Rural, 25/9/20)