Atraso na compra de livros didáticos pelo governo gera incerteza a editoras
Parte dos livros pode ser distribuída com atraso de 40 a 60 dias. Foto Epitácio Pessoa/Estadão
Distribuição de exemplares para as escolas pode se estender até abril do próximo ano.
A distribuição de livros didáticos para as escolas públicas pode se estender até abril de 2026, após os atrasos ocorridos este ano no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Dos 100 milhões de livros comprados pelo governo, somente metade dos exemplares devem ser remetidos ainda este mês, chegando regularmente às escolas antes do início do próximo ano letivo. Os demais devem ser enviados somente no início do ano, e podem ser distribuídos com atraso entre 40 e 60 dias. “Tudo o que sair a partir de janeiro corre o risco de não chegar a tempo para o início das aulas, em fevereiro”, disse à Coluna uma fonte a par da situação, mas que pediu para não ter o nome revelado.
Por conta disso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) tem priorizado o envio das obras para Estados mais distantes, como forma de mitigar o problema. A medida, contudo, não é suficiente para garantir que todas as escolas do País recebam os materiais em fevereiro. Procurado, o FNDE não retornou até a publicação desta nota.
Os atrasos deste ano ocorreram devido a impasses como atraso na avaliação das obras, mudanças no modelo do PNLD, questões administrativas e orçamento mais restrito. Agora, no final do ano, a entrega dos livros compete com outras encomendas, como produtos comprados pela internet para as festas de final de ano, por exemplo, o que deixa a logística mais complexa. “O atraso reflete diretamente a demora que ocorreu nas negociações com as editoras”, disse a mesma fonte.
Empresas buscam verba extra
Temendo que o problema se repita no próximo ano, as editoras de livros didáticos buscam uma complementação de R$ 1,3 bilhão na verba do PNLD de 2026. Hoje, a indicação é que o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) destinará R$ 2,05 bilhões à compra dos materiais, valor visto como insuficiente para as aquisições do programa.
Esse valor considera aproximadamente R$ 900 milhões que serão necessários para as aquisições previstas para ocorrer no próximo ano, e a compra de 41 milhões de exemplares que deveria ter acontecido em 2025, mas foi postergada por falta de orçamento. Destes, 27 milhões são da categoria 2, do programa principal do ensino médio, e outros 14 milhões correspondem a obras literárias.
Nas últimas semanas, representantes das editoras e a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros) fizeram um esforço junto a parlamentares para buscar uma complementação ao PNLD, por meio de emendas. A iniciativa não obteve sucesso, e com o fim do prazo para emendas individuais, a tentativa agora é articular com a Comissão Mista de Orçamento (CMO) pra incluir uma emenda de complementação antes da votação do PLOA e do recesso parlamentar (Estadão, 14/12/25)

