Bolsas dos EUA fecham em alta e recuperam parte das perdas da véspera
As principais bolsas dos EUA fecharam em alta nesta terça-feira (6), recuperando parte das perdas após a maior queda diária para o S&P 500 e o Dow Jones em mais de 6 anos na véspera.
Os três principais índices de Nova York chegaram a abrir com queda de 2% nesta sessão e alternaram entre altas e baixas, mas se firmaram no azul perto do fim do dia.
Segundo dados preliminares, o índice Dow Jones fechou em alta de 2,33%, a 24.912 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 1,74%, a 2.695 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq subiu 2,13%, a 7.115 pontos.
"Tivemos uma sessão de boa recuperação, mas os mercados ainda podem demorar alguns dias para encontrar o equilíbrio", escreveu o economista-chefe do home broker Modalmais, Alvaro Bandeira, em nota a clientes.
Segundo Bandeira, parece claro que haverá grande volatilidade nos dias que correm, mas o cenário básico não mudou. "A economia global está claramente em recuperação e isso influencia os resultados de empresas, a produtividade e a lucratividade. E mexe com preços relativos dos ativos". considerou o economista.
Forte queda na véspera
Tanto o S&P 500 quanto o Dow Jones afundaram mais de 4% no pregão da véspera, as maiores quedas desde agosto de 2011, em meio a preocupações com eventual aumento das taxas de juros dos EUA e com as taxas dos títulos do governo atingindo valores recordes.
As fortes quedas nos últimas dias marcaram um recuo há muito aguardado pelos investidores depois que o mercado registrou máxima recorde atrás de máxima recorde, destaca a Reuters.
"Coloquem os cintos de segurança. Será um trajeto volátil pelas próximas várias sessões", disse o gerente de carteira do Washington Crossing Advisors Chad Morganlander.
"Os fundamentos estão se movimentando de maneira positiva, o que nos dá confiança de que no longo prazo continuaremos a ver máximas mais altas dentro nos mercados."
Temores sobre os juros nos EUA
Os mercados reagiram a uma eventual ação mais agressiva do banco central norte-americano na alta dos juros. O temor é que, com o mercado de trabalho aquecido, aumentem as pressões inflacionárias. Dados divulgados na sexta-feira passada mostram que os salários avançaram 2,9% em janeiro, na comparação com o ano anterior, a maior alta em um ano registrada em 12 meses.
Esse número pode indicar que as pressões inflacionárias estão mais fortes nos EUA e influenciar as futuras decisões do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) sobre a taxa de juros americana. Uma eventual alta dos juros influencia negativamente o mercado acionário.
"O mercado esperava que ele subisse os juros em 0,75% nesse ano, mas, com a divulgação de dados mais fortes da atividade econômica, disseminou-se o receio de que ele suba mais", afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Perdas dos fundos
As fortes turbulências em Wall Street pareceram se estabilizar na sessão desta terça, mas já fizeram suas primeiras vítimas: fundos indexados baseados na evolução da volatilidade da Bolsa de Nova York.
Dois deles, administrados pelos bancos Credit Suisse e Nomura, deixaram de operar nesta terça-feira, após as perdas maciças registradas na segunda. Ambos se beneficiaram, desde a eleição de Trump, de um nível mais baixo de flutuações.
"O valor destes produtos aumenta quando a volatilidade cai, e cai quando ela aumenta. Se a volatilidade subir 20% durante o dia, esses produtos caem 20%", explicou Nicholas Colas, da DataTrek, segundo a AFP.
Nesta segunda, esses produtos financeiros sentiram plenamente a volatilidade vertiginosa em Wall Street, medida pelo VIX, também chamado de "índice do medo". O indicador aumentou quase 100% no dia. Nesta manhã, continuou a subir antes de se estabilizar.
A Credit Suisse anunciou a compra de seu fundo, chamado "XIV", com prejuízo antecipado de capital para os investidores. O Nomura também estava preocupado, e vários analistas alegaram que seu fundo "SVXY" havia deixado de ser negociado e também seria comprado pela empresa.
Depois de obter um retorno de 180% no ano passado, esses dois fundos, muito populares entre os pequenos investidores, acumularam, no fim da semana passada, US% 3 bilhões em ativos gerenciados, disse Colas.
O mercado de volatilidade geralmente é utilizado como instrumento de cobertura pelos investidores de capital, porque é inversamente relacionado à evolução do mercado de valores (G1, 6/2/18)

