25/09/2020

Brasil acelera exportações de café para ritmo recorde

Brasil acelera exportações de café para ritmo recorde

Legenda: Apesar dos gargalos logísticos nos portos, o fluxo de exportação aumentou muito, sinalizando volumes recordes neste mês e nos próximos dois meses (Imagem: REUTERS / José Roberto Gomes)

A supersafra de café do Brasil começa a se traduzir em embarques recordes, já que cafeicultores capitalizam a alta do dólar, segundo uma das maiores tradings globais da commodity.

As exportações de café verde devem ultrapassar 3,5 milhões de sacas neste mês, o maior volume já registrado para setembro e o mais alto desde dezembro de 2018, disse Carlos Alberto Fernandes Santana, diretor da Empresa Interagrícola, unidade da trading Ecom Agroindustrial.

Os embarques estão a caminho de bater recorde nos três meses até novembro depois da queda em agosto, disse Santana em entrevista.

“Apesar dos gargalos logísticos nos portos, o fluxo de exportação aumentou muito, sinalizando volumes recordes neste mês e nos próximos dois meses”, disse Santana.

O real mostra o pior desempenho entre as principais moedas nos últimos três meses, proporcionando a cafeicultores e tradings uma taxa de câmbio competitiva para vendas no exterior em dólares. Dados mais recentes da Safras & Mercado mostram que 60% da safra estimada havia sido vendida até o início de setembro. O Brasil é o maior produtor e exportador de café.

Os futuros do café arábica estão próximos de registrar a maior queda mensal desde janeiro em meio às preocupações de que os crescentes casos de Covid-19 causem novos fechamentos de cafeterias e restaurantes na Europa e afetem o consumo quando condições climáticas favoráveis em países produtores indicam boas safras.

Por enquanto, não houve “ajustes significativos” em contratos já firmados, apesar da cautela com a perspectiva de novos lockdowns, disse Santana.

No Brasil, a falta de contêineres vazios vem desacelerando os embarques, e os grãos da supersafra deste ano estão parados nos armazéns.

“Em nosso terminal portuário de Santos, temos contêineres cheios de grãos cujo embarque foi atrasado por falta de espaço nos navios”, disse Luiz Alberto Azevedo Levy Jr., diretor da Dínamo, um dos maiores armazéns privados de café (Bloomberg, 24/9/20)