25/05/2022

China abre as portas para Brasil vender produtos com maior valor agregado

China abre as portas para Brasil vender produtos com maior valor agregado

 SOJA E DERIVADOS Foto  Iagro

 

Além da liberação das vendas de milho, os chineses estudam uma ampliação das importações de farelo de soja

Maior importadora de milho do mundo, a China agora abre as portas também para o Brasil. Os governos brasileiro e chinês estão definindo uma relação de produtos que serão comercializados entre os dois países.

Bom para os dois. Os chineses conseguem uma diversificação de mercado e diminuem a dependência dos Estados Unidos. O Brasil avança no principal mercado mundial de grãos.

Além disso, é um passo para a agregação de valor nas exportações para a China, quando o protocolo de intenções de ampliação das exportações de farelo de soja for concluído.

As exportações de milho já estão liberadas, assim como as de amendoim, mas a ampliação das de farelo de soja ainda está em negociação.

Outro produto importante na pauta de importações dos chineses é o sorgo. O Brasil ainda tem produção incipiente, mas um mercado grande como o dos chineses poderá incentivar a produção brasileira.

Durante a guerra comercial com os Estados Unidos, um dos principais fornecedores de grãos para a China, os chineses tiveram problemas para o abastecimento interno, inclusive com o sorgo.

Os chineses, maiores importadores mundiais de soja, também vêm sendo os principais nas compras de milho. Na safra 2020/21, a China importou 29,5 milhões de toneladas. Nesta, deverá importar 23 milhões. Na de 2022/23, serão 18 milhões de toneladas. A safra comercial vai de outubro a setembro.

O México cai para a segunda posição, com previsão de compras de 17,7 milhões de toneladas na próxima safra.

O Brasil entra nesse cenário como um mercado alternativo para a China, que reduz a dependência dos EUA e consegue um fornecedor a mais. Os ucranianos, grandes exportadores de milho para a China, atualmente têm problemas para embarcar seu produto, devido à guerra.

Os motivos dessa abertura chinesa ao produto brasileiro podem ser não apenas pela segurança de ter mais um fornecedor, mas devido à menor produção interna e à queda dos estoques. Os números chineses, no entanto, são segredos.

A pressão da demanda interna chinesa pelo cereal está menor neste ano. A recomposição da produção de carne suína está com ritmo fraco, principalmente porque as margens do setor estão negativas.

Os produtores brasileiros de proteína animal não gostaram dessa abertura de exportações de milho para os chineses. Os custos de produção poderão subir ainda mais, na avaliação de um deles.

Se confirmado o patamar de produção da safrinha, 86,3 milhões de toneladas, o Brasil terá uma produção total de 112,3 milhões de toneladas no final da safra, segundo a AgRural.

Com esse volume produzido, o país deverá voltar a ser o segundo maior exportador mundial de milho. Tem potencial para colocar de 36 milhões a 38 milhões de toneladas no mercado internacional, desde que o clima auxilie na produção.

Um dos protocolos interessantes entre os que estão sendo negociados é o aumento das exportações de farelo de soja.

 O governo Bolsonaro, com essa política de tentar reduzir os preços dos transportes a qualquer custo, desestruturou a cadeia nacional do biodiesel.

Quando o programa retomar o ritmo normal de mistura, que será de 14% (o governo reduziu para 10%), o país terá de exportar farelo de soja, e a China poderá ser um bom mercado. A soja é responsável por 70% da matéria-prima na fabricação do biodiesel.

Além de agregar valor no farelo de soja, o Brasil poderá agregar valor também em outras farinhas, como a de pescado, que estão sendo negociadas com os chineses (Folha de S.Paulo, 25/5/22)