18/12/2020

China abre perspectivas para sorgo e milho brasileiros

China abre perspectivas para sorgo e milho brasileiros

Nos próximos dez anos, as importações chinesas de grãos para a produção de ração vão ter forte crescimento, segundo banco.

A China deverá usar pelo menos 300 milhões de toneladas de grãos para a composição de ração nos anos 2030. Isso abre uma nova janela para o Brasil.

Líderes mundiais em importações de soja, os chineses vão se tornar também grandes compradores de milho, de sorgo, de cevada e de trigo.

Com solos bastante variados, o Brasil poderá avançar na produção de todas essas culturas e, assim como já faz com soja, abocanhar uma parte ainda maior do mercado internacional de grãos.

 

O apetite chinês, agora voltado para outros grãos, gera um crescimento firme no consumo interno do país asiático, provoca um patamar recorde de importação e eleva preços.

Esses devem ser os novos pontos de equilíbrio a serem levados em consideração para os grãos usados na composição de ração na China até 2030, conforme um relatório do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

O aumento da demanda chinesa de grãos tem como base uma recomposição da suinocultura no país, devastada pela febre africana suína, a partir de meados de 2018.

Além disso, para reduzir o déficit de proteínas, os chineses estão apostando muito em um aumento da produção na avicultura.

Das safras 2020/21 a 2025/26, o consumo de grãos deverá ter elevação de 3,3% ao ano. Já na segunda metade da década, a evolução será de 1,5%.

Esse recuo na taxa ocorre devido a uma evolução na genética dos animais, a uma melhora na taxa de conversão dos alimentos, a uma maior produtividade e a um possível recuo no consumo de proteínas.

Para melhorar a produção e elevar a oferta interna de grãos, a China deverá fazer mudanças na política agrícola. Uma delas será o aumento ou a liberação da cota de importação de milho, hoje em 7,2 milhões de toneladas por safra. A demanda poderá chegar a 30 milhões de toneladas.

O governo deverá rever a política de estímulos para a produção, com mais subsídios e maior volume de seguro, segundo o Rabobank. É um desafio, uma vez que, para aumentar a produtividade, deverão ser utilizadas sementes de qualidade, agricultura de precisão e o uso de milho transgênico com resistência a estresse hídrico.

Os chineses, que têm um déficit de milho desde a safra 2015/16, deverão equilibrar oferta e demanda nos anos 2030.

Mesmo assim, haverá a necessidade de importações de milho e de outros grãos, como sorgo, trigo e cevada. Os chineses querem manter estoques adequados e se prevenirem contra quebras de safra. A China comprou 920 mil toneladas de soja dos Estados Unidos na semana terminada em 10 de dezembro. As compras de milho somaram 232 mil, as de sorgo, 326 mil, e as de trigo, 68 mil.

Segundo o Rabobank, os americanos têm o maior potencial de exportação desses grãos para os chineses. Após a guerra comercial entre os dois países, porém, a China quer abrir novos canais para a compra desse grãos no Brasil, na Argentina e na Ucrânia (Folha de S.Paulo, 18/12/20)