24/02/2022

Com seca, produtores do Sul não cobrem custos de produção

Com seca, produtores do Sul não cobrem custos de produção
MILHARAL SECO Imagem Blog Click Sergipe John Santana Assessoria André Moura

 

Os produtores de milho do Rio Grande do Sul vão ter um prejuízo de R$ 2.200 por hectare nesta safra de verão, o pior resultado na margem operacional entre os estados do centro-sul.

Já os produtores de Goiás terão a melhor margem, prevista em R$ 1.800 por hectare, conforme dados da consultoria Céleres.

Os custos médios de produção do milho dobraram neste ano, atingindo o correspondente a 59 sacas por hectare. Na avaliação da consultoria, ficou entre R$ 6.500 e 7.700, dependendo do estado.

Goiás terá o melhor resultado sobre as vendas, com evolução de 21% na margem deste ano, em relação à da safra anterior. Já o Rio Grande do Sul terá o pior, com retração de 47%.

Esse valor representa o quanto sobra da receita obtida, após descontados os custos diretos, que incluem sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra e outros.

A consultoria avaliou o desempenho de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

O cenário para os produtores de soja no Sul não é muito diferente do registrado pelo milho. Segundo a Céleres, os do Rio Grande do Sul, o estado com maior quebra de produtividade, vão ter uma margem operacional de apenas nove sacas por hectare.

Na região Sul, as margens não serão suficientes para cobrir os custos fixos, e os mais afetados serão os que plantam em terra arrendada.

A quebra no Sul, porém, eleva os preços da soja. Com isso, produtores de Minas Gerais e da Bahia terão margem operacional de 44 e 39 sacas, respectivamente.

Os custos operacionais no campo subiram 86% nesta safra, atingindo R$ 4.700 por hectare. A redução da produtividade no Sul, a valorização do dólar e as consequentes altas de preço em Chicago, porém, vão elevar as receitas dos sojicultores para R$ 9.100 por hectare, 72% a mais do que em 2020/21.

Com isso, os preços altos vão garantir uma margem recorde de R$ 4.400 por hectare, 59% acima do valor da safra anterior. Um bom resultado para os que tiveram produção normal.

A Céleres refez as previsões da produção de soja e estima apenas 125,8 milhões de toneladas nesta safra 2021/22. O potencial inicial era de 145,7 milhões.

Para o milho, a consultoria prevê 20,3 milhões de toneladas na safra de verão, 27% a menos do que esperava. Já a safra total do país, incluída a safrinha, atingirá 114,1 milhões de toneladas, 32% acima do volume de 2020/21 (Folha de S.Paulo, 24/2/22)