Depois das festas e caravanas, a ressaca:Acabaram os recursos do Senar/SP?
Depois de 24 anos de atuação ininterrupta junto aos sindicatos rurais paulistas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/São Paulo mantido com os recursos arrecadados na proporção de 0,2% sobre cada documento fiscal emitido pelos produtores rurais, enfrenta agora seu maior desafio que decorre do acúmulo de gastos e desvio de finalidades que vem sendo praticadas por Tirso Meirelles presidente sub judice da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp e também do Senar/SP.
Através da Circular/Senar/AR/SP Nº 11/2025, de 3 de setembro de 2025, assinada pelo superintendente do Senar/SP Márcio Antonio de Moraes Biral, os presidentes dos sindicatos rurais que compõem a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp/Senar, foram notificados de que “Durante a análise da execução orçamentária constatou-se um acúmulo expressivo de recursos programados para o mês de setembro de 2025”.
Mário Antonio Biral, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar São Paulo. Foto Reprodução – Blog Nação Agro
A notificação prossegue: “Com vistas a assegurar o equilíbrio orçamentário e a continuidade das ações planejadas, tornou-se necessária a adoção de ajustes na programação dos pagamentos. Essas alterações visam equalizar o saldo contratual até o encerramento do exercício, garantindo uma distribuição mais homogênea dos recursos ao longo dos meses subsequentes”.
Fac-símile da circular enviada pelo superintendente do Senar, Márcio Antonio de Moraes Biral aos 237 presidentes de sindicatos rurais paulistas
Ou seja, o Senar/SP deixará de repassar, já em setembro, os valores devidos aos sindicatos conveniados através dos contratos formalizados anteriormente. Dirigentes sindicais rurais estão preocupados pois a falta dos repasses implicará, necessariamente, em cortes de despesas, principalmente dos instrutores, técnicos e profissionais de apoio.
O presidente sub judice da Faesp/Senar Tirso Meirelles têm sido duramente criticado por lideranças dos produtores rurais pelo, que seria, desvio de recursos da entidade em favor das ações da sua companheira Juliana Farah nas caravanas das chamadas “Semeadoras do Agro”.
Encontro das Mulheres do Agro em Ribeirão Preto. Evento teria custado alguns R$ milhões, segundo estimativa de produtores rurais. Foto Divulgação
“São convescotes com os recursos desviados dos convênios com os sindicatos rurais da oposição que foram cancelados unilateralmente por revanchismo de Tirso Meirelles. E, agora, fica claro que os mesmos recursos que deveriam servir para cursos de formação e requalificação profissional patrocinam estas festas suntuosas, sem qualquer objetividade, como a última promovida em Ribeirão Preto a um custo que pode ter atingido R$ 3 milhões”, denuncia João Henrique de Souza Freitas, secretário da Agricultura de Araraquara e vice-presidente do Sindicato Rural local.
Em evento promovido pela Faesp/Senar no luxuoso Royal Palm Plaza Resort dirigentes sindicais rurais oposicionistas foram impedidos de participar e o caso virou ocorrência policial. Foto Divulgação
Em novembro do ano passado, a Faesp/Senar promoveu um “encontro técnico” no luxuoso “Royal Palm Plaza Resort Campinas” e o presidente sub judice Tirso Meirelles mandou impedir, com truculência, o acesso aos dirigentes dos sindicatos de oposição. A Polícia foi chamada e enquanto um boletim de ocorrência era registrado ele se evadiu do hotel provocando risos de hóspedes e funcionários do hotel
Juliana Farah, companheira de Tirso Meirelles, presidente sub judice da Faesp/Senar. Foto Divulgação
“Nosso sindicato formou parceria com o Senar/SP desde a sua criação em 1991. Neste exercício de 2025 fomos excluídos do rateio das verbas por apoiarmos a chapa de oposição “Nova Faesp”, liderada pelo advogado e empresário rural Paulo Junqueira, presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação Rural Vale do Rio Pardo. Nossos sindicatos representam 17 municípios que formam o cinturão de produção das culturas da cana-de-açúcar e da laranja, principais commodities agrícolas paulistas”, afirma João Henrique.
Ele lamenta o desperdício e o mau gerenciamento dos recursos do Senar/SP ao lembrar que “ao invés de atenderem aos produtores rurais pequenos, médios e grandes, os recursos são drenados para outras finalidades que não aquelas estabelecidas no Estatuto e no Código da Faesp”.
Logo Faesp Senar Sindicatos Rurais – Sindicatos Rurais
E acusa também o presidente sub judice Tirso Meirelles de patrocinar campanhas publicitárias de “fake news”. “Emissoras de rádio como a CBN e os principais jornais de São Paulo, veiculam propaganda dirigida aos produtores rurais paulistas e aos interessados nos cursos gratuitos oferecidos pelo Senar. Ao mesmo tempo, ele persegue os sindicatos de oposição cancelando o repasse dos recursos pagos pelos mesmos produtores rurais”.
João Henrique cita, como exemplo, ofício que tem em mãos da Usina Santa Cruz, do Grupo São Martinho, interessada em promover cursos profissionalizantes do Senar /SP.
João Henrique de Souza Freitas, secretário da Agricultura de Araraquara e vice-presidente do Sindicato Rural local
“Não podemos atender ao pedido, pois fomos sumariamente excluídos por questões políticas e tivemos que desmobilizar a estrutura de cursos que contava com instrutores experientes e competentes. Profissionais nos procuram em nossos sindicatos onde temos que explicar, com constrangimento, que a Faesp/Senar através do seu presidente sub judice por revanchismo nos excluiu do rateio das vagas do Senar”.
“Tirso Meirelles impõe uma vergonhosa divisão entre os 237 sindicatos rurais paulistas: os que se alinham à sua discutida e irrelevante governança e os que querem que a entidade seja presidida através da meritocracia de seus gestores e não através da sua hereditariedade, já que ele foi escolhido pelo pai para sucedê-lo depois de ocupar por quase meio século o comando da Faesp/Senar”
Senar
Os serviços do Senar não são federais, mas sim de direito privado, sendo uma entidade paraestatal mantida pela classe patronal rural e vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Contudo, o Senar recebe recursos públicos e tem em seu conselho de administração representantes do governo federal, o que o torna uma instituição com forte ligação ao setor público, apesar da sua natureza jurídica privada.
A instituição é mantida pelas contribuições compulsórias dos produtores rurais. O Senar desenvolve ações de Formação Profissional Rural (FPR) e Atividades de Promoção Social (PS) para a família rural.
O Senar presta serviços de Formação Profissional Rural (FPR), Promoção Social (PS) e Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) para o desenvolvimento de produtores e trabalhadores rurais no Brasil. A Formação Profissional inclui cursos em diversas áreas do agro, a Promoção Social foca na melhoria da qualidade de vida e cidadania da família rural, e a Assistência Técnica e Gerencial oferece acompanhamento gratuito para aprimorar a gestão e a renda das propriedades rurais (Da Redação, 10/9/25)