Derrite, o herói que a Globo não roteirizou – Por Paula Sousa
Guilherme Derrite, relator do projeto de lei antifacção. Foto Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Ah, a arte! Essa entidade é altamente venerada pela elite dos apartamentos com ar condicionado, que acredita que um bom roteiro pode salvar o mundo — contanto que ninguém da Zona Sul precisa atravessar um túnel após as seis da tarde. José Padilha e Wagner Moura foram pioneiros. Eles pretendiam nos alertar sobre a complexidade da moralidade policial, de como o sistema corrompe e transforma pessoas em máquinas de violência. Apenas não imaginavam que no Brasil Real, esse roteiro genial, faria uma reviravolta que nem Tarantino se atreveria a criar: o vilão do filme se tornou o herói do povo.
Dezoito anos depois, "Tropa de Elite" deixou de ser um filme e se tornou um documentário que a realidade insiste em atualizar a cada operação. O tempo fez o roteiro envelhecer como um bom vinho encorpado, tornando-se cada vez mais indigesto para quem ainda acredita que segurança pública se resolve com poesia e hashtags.
O fuzil e a tese de mestrado
Para o artista de cachecol que mora em apartamento com vista para o mar, o Capitão Nascimento é uma metáfora ambígua — um espelho da brutalidade que tenta, de forma torta, impor a ordem.
Mas para o brasileiro que precisa planejar o trajeto até o trabalho como como se fosse uma operação militar, para aquele que tem dois celulares — um para entregar pro bandido e outro escondido nas partes mais criativas do corpo e para quem mora em um lugar onde o GPS o leva a um beco sem saída, a filosofia dá espaço ao instinto de sobrevivência.
E quando o noticiário mostra bandidos camuflados, armamento de guerra, explosões e até drones lançando bombas, a reação da maioria não é “problematizar a segurança pública”; é aplaudir a polícia.
Aplauso de quem entende que, por trás da operação, existe a possibilidade de conseguir dormir em paz.
E é exatamente isso que a elite cultural não suporta. Para eles, o crime é uma metáfora; para o restante, é uma presença física, palpável, armada e sem vergonha.
Enquanto o artista da zona sul escreve ensaios sobre “a violência do Estado”, a manicure da comunidade reza para o policial ter, pelo menos, um colete à prova de balas que funcione.
A gota de justiça no deserto
A vida real fez o trabalho de relações públicas do BOPE.
O público não enxerga monstros complexos, mas gente exausta, que luta, sangra, e precisa de remédio para dormir depois de atirar — porque, se não atirasse, viraria estatística.
Qualquer semelhança entre o Capitão Nascimento e o brasileiro médio não é coincidência.
Ambos são produtos do mesmo sistema falido, ambos sofrem as consequências da covardia institucional e do romantismo político que acha bonito discutir ética tomando vinho de 300 reais a garrafa.
E é por isso que, quando ocorre uma operação policial com saldo de mortos, os 99% aplaudem de pé — não por sadismo, mas por instinto de autopreservação.
Enquanto isso, o 1% iluminado — artistas, jornalistas e intelectuais que vivem no “Brasil de vidro”, onde o crime é só um conceito acadêmico — corre para o Twitter para escrever: “CHACINA!”.
Sim, são os mesmos que acreditam que uma pedra pode parar um fuzil, que a culpa é da “sociedade excludente” e que “a violência nunca é a solução”.
Não é a solução para eles — porque nunca foi o problema.
O relator que quebrou o roteiro da Globo News
Eis que entra em cena Guilherme Derrite, o pesadelo da virtude de vitrine, o homem que fez os estúdios da Globo News tremerem.
Ex-ROTA, Secretário de Segurança Pública de São Paulo e agora relator do PL Antifacção, Derrite é o tipo de personagem que a elite odeia: não é acadêmico, não é teórico, e o mais grave — fala com conhecimento de causa.
Durante uma entrevista, uma jornalista questionou:
— “Mas deputado, por que não apenas endurecer a lei de organizações criminosas?”
Com uma paciência de Jó, Derrite explicou: quando um grupo usa reféns, paralisa cidades e espalha pânico, isso é terrorismo — mesmo sem motivação ideológica ou religiosa.
A reação da jornalista? Um misto de pavor e risadinhas nervosas.
— “Mas e a repercussão internacional?”
Claro. A preocupação não é com o brasileiro que morre numa troca de tiros, mas com o olhar julgador dos influenciadores europeus. O medo não é do crime que mata — é do intelectual de Havard achar feio.
O público entendeu, e o roteiro da Globo desabou ao vivo.
Como relator do PL, Derrite pode finalmente acabar com a impunidade.
Ele propôs penas de 20 a 40 anos e exigência de 70% de cumprimento em regime fechado para quem comete crimes de facção.
Ou seja, o criminoso profissional deixaria de ser turista do sistema penal.
Sim, Derrite está ameaçando o museu da hipocrisia progressista, onde cada criminoso é uma “vítima da sociedade” e cada policial é um “agente da opressão”.
E o melhor de tudo? Ele tem resultados.
São Paulo, sob sua gestão, tem o menor índice de homicídios do país.
Mas claro, isso não dá prêmio internacional, não rende colunas chorosas, nem pauta para documentário.
O Brasil do asfalto e o Brasil do beco
Enquanto os intelectualóides do Leblon se emocionam com a ideia de “reeducar o criminoso”, o brasileiro real está cansado de viver como refém de um narcoestado.
É ele quem acorda cedo, paga imposto e ainda precisa pagar “pedágio” para o tráfico poder trabalhar em paz.
Ele não quer vingança — quer respiro. Quer poder sentar na calçada à noite sem ser refém do medo.
Mas no Brasil, segurança pública virou tabu: falar em prisão longa é fascismo, defender ação policial eficaz é genocídio, e querer paz com ordem é retrocesso.
Num país onde o criminoso é tratado como patrimônio cultural, Derrite representa o sopro de realidade que a mídia tenta esconder atrás de termos pomposos.
E é por isso que Derrite causa tanto pavor: ele não representa apenas uma política de segurança, mas um Brasil que cansou de ajoelhar para o crime.
Enquanto os roteiristas da moralidade discursam sobre “diálogo e empatia”, o povo reza para não ser o próximo a protagonizar o noticiário.
Quando o medo volta para o lugar certo
O Secretário Derrite e o sucesso eterno de Tropa de Elite são duas faces da mesma moeda:
um país exausto de ser palhaço, de pagar o preço da covardia, e de ouvir sermão de quem nunca sujou o sapato no barro.
O Brasil não quer um Estado que abrace o criminoso. Quer um Estado que abrace o cidadão.
A paz não se conquista com discursos de auditório — se conquista no front.
E como diria C.S. Lewis, que parece ter previsto o Brasil de 2025:
“A paz, em última instância, só existe quando o mal é confrontado” (Paula Sousa é historiadora, professora e articulista; 11/11/2025)

