Entre silêncios, dúvidas e um roteiro que ainda não acabou – Rodrigo Simões
Oferta de investimento (CDB) do Banco Master,Imagem Reprodução Internet
A recente crise envolvendo o Banco Master não é apenas um capítulo isolado do sistema financeiro brasileiro — é um alerta. A sucessão de fatos, personagens e conexões revela muito mais do que uma simples falha administrativa: expõe um ambiente nebuloso, questionável e, até agora, mal explicado.
O que se sabe é grave. O que não se sabe, é ainda pior. Enquanto o Brasil procura respostas, sobram perguntas — e faltam responsáveis.
Um romance de desconfiança
A cada nova revelação envolvendo o caso do Banco Master e seu protagonista, Daniel Vorcaro, mais perguntas surgem — e menos respostas aparecem. Um esquema que movimentou cifras bilionárias não pode, sob hipótese alguma, ter passado despercebido pelas instituições que deveriam fiscalizá-lo. E é justamente essa ausência — ou conveniência — que torna tudo ainda mais grave.
Quem supervisionava o Banco Master?
Se existe uma pergunta que o Brasil inteiro gostaria de ver respondida, é esta:
Quem estava fiscalizando o Banco Master enquanto tudo acontecia?
Não estamos falando de um banco do interior ou de um operador amador — estamos tratando de uma instituição cercada por um Comitê Consultivo formado por nomes que já comandaram o coração financeiro do país.
O Comitê dos “intocáveis”
Ricardo Lewandowski, Gustavo Loyola, Henrique Meirelles, Guido Mantega e Geraldo Magela — uma mesa que, em teoria, deveria simbolizar experiência, robustez e credibilidade.
Na prática, diante dos fatos, a pergunta que ecoa é inevitável:
Se isso é o comitê da transparência, imagine o da irresponsabilidade.
A ironia é amarga — mas necessária.
Porque ou todos foram enganados por um banqueiro festivo ou sabiam demais para continuar em silêncio.
Michel Temer e o “abre-te sésamo” institucional
Como se não bastasse o cenário nebuloso, Michel Temer foi contratado por Vorcaro com a elegante missão de “abrir portas”.
Nenhuma surpresa — apenas a velha engrenagem funcionando: alguém que conhece quem decide, aproximando quem paga.
Do lado jurídico, o Escritório Barci de Moraes completava o tabuleiro.
Tudo devidamente formalizado, institucionalizado — e, hoje, profundamente constrangedor.
A corrupção “elegante”
Há corrupções barulhentas, como cenas de filme policial.
E há a corrupção polida, engravatada, institucional, aquela que não precisa pular muros — porque já nasce dentro dos gabinetes.
A linha é clara, mesmo quando tentam borrá-la:
nenhuma estrutura dessa escala se constrói sem permissão, sem omissão ou sem interesses políticos conectados.
E quando olhamos o contexto, as relações e os beneficiados, é impossível ignorar o cheiro:
o governo Lula não é coadjuvante — é peça central desse enredo.
Elegante ou não, com discursos ou teorias — o fato é que o caso Banco Master acendeu um alerta que o Brasil não pode ignorar:
quando instituições se misturam com interesses, o crime deixa de ser desvio e vira política de Estado
(Rodrigo Simões – Jornalista, administrador de empresas, pós-graduado em Gerente de Cidades pela FAAP, duas vezes vereador em Ribeirão Preto, presidente da Câmara em 2017, ex-Presidente da FUNTEC;21/11/25)

