01/12/2017

Ibovespa tem queda de 3,4% em novembro

Assim como tem acontecido nos últimos dias, os investidores estrangeiros foram os principais vendedores de ações no pregão.

Esse é o segundo pior desempenho mensal do ano, inferior apenas à queda de 4,12% registrada em maio, quando os mercados repercutiam o episódio da delação da JBS.

O Ibovepa encerrou novembro com 71.971 pontos, acumulando perda de 3,4% no mês. Esse é o segundo pior desempenho mensal do ano, inferior apenas à queda de 4,12% registrada em maio, quando os mercados repercutiam o episódio da delação da JBS, que atingiu diretamente o presidente Michel Temer. No acumulado do ano, ainda há lucro de

A desesperança dos investidores de ver a reforma da Previdência aprovada neste ano provocou uma nova rodada de ordens de venda na Bolsa brasileira nesta quinta-feira, 30. O Índice Bovespa já iniciou o dia em terreno negativo, ignorou as altas das bolsas de Nova York e fechou com queda de 1,00%. 

Assim como tem acontecido nos últimos dias, os investidores estrangeiros foram os principais vendedores de ações no pregão desta quinta-feira, informaram operadores de renda variável. Até terça-feira, 28, o saldo líquido dos investimentos de estrangeiros na Bolsa em novembro era negativo em R$ 2,393 bilhões. No ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 10,555 bilhões.

Com poucos eventos na agenda, o declaratório político em torno da reforma da Previdência voltou a dar o tom dos negócios. Nesta quinta-feira, 30, foi a vez do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforçar o pessimismo do mercado. Em reunião com investidores em São Paulo, Maia fez um discurso desanimador quanto às chances de aprovação da reforma. Depois, disse a jornalistas que a data da votação ainda não foi marcada porque não há votos.

Também nesta quinta-feira, o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, disse que marcou para quarta-feira, 6, uma nova reunião para decidir se o partido fechará questão sobre a votação da reforma. Segundo ele, a ideia é reunir a Executiva do sigla, além das bancadas na Câmara e no Senado.

"A queda de hoje foi uma nova correção, uma realização de lucros acumulados, num sinal de desconfiança do investidor. E o mercado tende a ficar cada vez mais cauteloso nesse clima de incerteza com a Previdência", disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial, que compara o atual cenário da Bolsa com o período pré impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando o mercado também refletia forte incerteza.

Adiamento

Com a percepção de que a votação da reforma não mais acontecerá na próxima semana - e talvez nem na semana seguinte -, profissionais do mercado relatam temores de que as mudanças fiquem para o próximo governo.

"O mercado teme que a reforma vire algo crônico, que se arraste pelos próximos meses, até começar a perder espaço para as pesquisas eleitorais", disse um profissional.

De acordo com análise gráfica da corretora Itaú BBA, o Ibovespa rompeu hoje um importante suporte localizado nos 72.300 pontos. Com isso, pode abrir espaço para buscar os 70.500 pontos.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, as quedas mais significativas ficaram novamente com os bancos, com peso superior a 25% da carteira. Além de serem papéis líquidos, outra explicação para a queda insistente dessas ações é que elas acumulam "gordura" significativa no ano, o que favorece a realização de lucros. Itaú Unibanco PN caiu 1,46%, mas acumula ainda ganho de 25,45% em 2017. Bradesco ON recuou 1,04% no dia, com alta de 15,90% no ano.

Queda. Em termos porcentuais, as maiores quedas foram das ações do setor elétrico, lideradas por CPFL ON (-16,97%), objeto de oferta pública para aquisição de ações (OPA), realizada pela chinesa State Grid, nova controladora da companhia. Foram feitos 945 negócios no leilão, envolvendo 408.447.534 ações da empresa, ao preço médio de R$ 27,69. A operação movimentou R$ 11,3 bilhões, o que inflou o volume total negociado na Bovespa para R$ 26,3 bilhões.

As ações da Petrobras enfrentaram volatilidade ao longo do pregão, seguindo influências internas e a instabilidade dos preços do petróleo no mercado internacional. Ao final dos negócios, os papéis subiram 0,25% (ON) e 0,33% (PN) (O Estado de S.Paulo, 1/12/17)