Na volta Congresso tem motim no plenário e bate-boca com governistas
Foto Saulo Cruz/Agência Senado
Nikolas afirma que se Motta viajar para fora do país, anistia será pautada pelo vice; presidente da Câmara está na Paraíba.
Deputados e senadores de oposição, majoritariamente do PL, sentaram nas mesas dos plenários da Câmara e do Senado com a intenção de impedir as sessões plenárias nesta terça-feira (5), dia em que o Congresso retoma os trabalhos após o recesso.
Os parlamentares afirmam que vão obstruir as sessões até que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PR), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), decidam colocar em votação os temas que interessam ao bolsonarismo, como anistia aos acusados de golpismo, fim do foro privilegiado e impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Isso aqui é um atentado ao Parlamento, é um ataque à democracia, é uma vergonha. Vocês estão desesperados em fazer isso. Isso aqui é a continuidade do 8 de Janeiro", disse o petista.
Já no Senado, o senador Humberto Costa (PT-PE), 2º vice-presidente, foi impedido de abrir a sessão desta terça-feira.
Assim que soube do protesto da oposição, durante a manhã, Costa ligou para Alcolumbre, que pediu ao petista para que abrisse a sessão às 14h, como de praxe —senadores da mesa diretora se revezam na função na ausência do presidente.
Costa foi ao plenário do Senado no horário previsto, mas o grupo de bolsonaristas se recusou a desocupar a mesa diretora. Os senadores ainda pediram para que ele ligasse para Alcolumbre porque o presidente não estaria atendendo ninguém. O petista se negou e deixou o plenário.
Segundo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), a anistia será levada para votação caso Motta saia do país, o que levaria o primeiro vice-presidente, Altineu Côrtes (PL-RJ), a comandar a Casa.
"Se Hugo Motta sair do país, o primeiro vice presidente, Altineu Cortês, irá pautar a anistia —ampla geral e irrestrita", publicou no X.
No início da noite, Motta e Alcolumbre reagiram à obstrução e convocaram reunião com líderes dos partidos para quarta-feira (6).
O presidente da Câmara passou o dia na Paraíba, onde fez visitas a hospitais acompanhado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT).
O movimento de pressão é uma resposta à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), decretada por Moraes nesta segunda (5).
Na Câmara, os deputados usavam faixas para tampar a boca, num protesto pelo que consideram ser censura. Segundo o líder do PL na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), os parlamentares não vão desocupar as mesas "até que os presidentes de ambas as Casas busquem uma solução para pacificar o país".
Durante a noite, os deputados do PL definiram uma escala para ocupar a Mesa Diretora da Câmara durante a madrugada (Folha, 6/8/25)

