Preços do café e do cacau devem cair em 2026, prevê banco
- Relatório do Rabobank aponta que produtos terão oferta em excesso no mundo no próximo ano
- Café arábica bateu recorde neste ano ao atingir US$ 4, e previsão cai para US$ 2,50 em 2026
O banco Rabobank publicou relatório nesta quinta-feira (13) que prevê a queda dos preços do café e do cacau no próximo ano, à medida que colheitas abundantes devem aumentar os excedentes globais, embora os mercados agrícolas permaneçam cada vez mais vulneráveis a riscos geopolíticos.
Após a alta recorde deste ano, a projeção feita pelo Rabobank é que o preço do café arábica se estabilize entre US$ 2,50 e US$ 3,50 (R$ 13,20 e R$ 18,47) por libra, com volatilidade de curto prazo provavelmente persistindo, escreveram os analistas do Rabobank.
Os preços dispararam para um recorde acima de US$ 4 no início deste ano, impulsionados por preocupações com a redução da produção no Brasil, principal produtor, e pela imposição de 50% de tarifas dos EUA que reduziram as remessas da nação sul-americana.
O banco espera que o mercado de café tenha um excesso de oferta global de 7 milhões a 10 milhões de sacas na temporada 2026-27, a partir do atual equilíbrio de oferta, apoiado por uma recuperação na produção do café arábica do Brasil.
Sobre o cacau, o Rabobank disse que os preços estenderão seu declínio para o próximo ano, pressionados por um aumento global na produção em meio à redução contínua da demanda. A produção pode ultrapassar o consumo em 403 mil toneladas na temporada 2026-27, em comparação com um excedente estimado de 328 mil toneladas no atual ano-safra, à medida que produtores na América Latina e Indonésia aumentam o cultivo.
"Embora diversifique o fornecimento, a mudança tornou verdadeira a ameaça de superprodução de longo prazo", afirmou um grupo de analistas do Rabobank liderado por Carlos Mera. "As ramificações do excesso de plantio, incluindo um colapso de preços, podem ser sentidas já em 2027".
Historicamente, os altos preços do café e do cacau subiram os custos para empresas e consumidores, e elevaram as contas de importação de alimentos. Em um novo relatório, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) projeta que a conta de importação dos países de alta renda atingirá US$ 2,22 trilhões este ano, um aumento de quase 8% em relação a 2024, impulsionada por produtos básicos como cacau e café.
A política também está influenciando e moldando os fluxos globais de bens agrícolas e preços. Os preços da soja permanecem altamente sensíveis às relações entre EUA e China em meio ao ceticismo persistente sobre a durabilidade de seu acordo comercial.
"A agricultura não está mais seguindo as regras de oferta e demanda, está atuando conforme as regras geopolíticas", disse Mera, que lidera a equipe de Mercados de Commodities Agrícolas do Rabobank. "Estamos apenas no início da metade do jogo".
Em grãos, a projeção do Rabobank é que os preços do trigo e do milho aumentarão devido à redução dos estoques e à alta da demanda. Espera-se também que os preços do óleo de palma aumentem em 2026, à medida que o crescimento limitado na produção e a continuação do mandato de biodiesel B40 da Indonésia impulsionem um déficit (Bloomberg, 13/11/25)

