10/08/2020

Setor de grãos monitora risco de La Niña para safra 20/21 no Brasil

Agrônomos checam plantio de soja em Cruz Alta (RS) 
29/02/2008
REUTERS/Inaê Riveras

Legenda: Agrônomos checam plantio de soja em Cruz Alta (RS) 29/02/2008 REUTERS/Inaê Riveras

 

A possível ocorrência do fenômeno climático La Niña e os efeitos que ele poderia gerar sobre cultivos de soja e milho da safra 2020/21 no Brasil são algumas das principais variáveis que estarão no radar de agricultores a partir de agora, disse a consultoria Datagro nesta sexta-feira.

“É importante fazer o monitoramento do La Niña, para ver se realmente terá impactos na produção”, disse durante evento online o coordenador de grãos da Datagro, Flávio Roberto de França Júnior, sobre um dos únicos fatores que pode alterar as projeções da colheita recorde que se desenha para 2020/21.

Fenômeno oposto ao El Niño, o La Niña se configura quando ocorre o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, modificando as condições climáticas de diversos países.

Segundo o especialista, anos de La Niña podem atrasar a chegada das chuvas na área central do país e levar a um veranico na região Sul ou centro-sul do Brasil.

“São fatores importantes que podem mexer não só com a soja, como no milho safrinha”, alertou França Jr.

Ainda durante o evento, ele reafirmou que a produção brasileira de soja pode avançar 6% na safra 2020/21, cujo plantio começa a partir de setembro, para 131,69 milhões de toneladas.

A perspectiva considera um aumento na área plantada pela 14ª temporada consecutiva.

A estimativa é de uma área de 37,99 milhões de hectares para plantio da oleaginosa, um incremento de cerca de 2,5% sobre a temporada 2019/20. O aumento deve acontecer em todo o país, mas com maior intensidade nos Estados das regiões Norte e Nordeste.

Quanto ao milho, a Datagro manteve as projeções de produção, com potencial para crescimento de 8% em 2020/21 em relação à safra anterior, para 112,13 milhões de toneladas.

“A área (de plantio) no inverno (segundo safra) está em aberto e vai depender bastante do clima”, disse o coordenador.

No entanto, ele destacou que a expectativa é de um câmbio ainda valorizado no ano que vem, contribuindo para incentivar o produtor na semeadura de grãos. Um dos fatores que comprova isso é o alto patamar de comercialização antecipada.

“Assim como na soja, as vendas de milho da safra de inverno 2020/21 também estão muito aceleradas, o que indica que teremos área grande”, afirmou.

Ele ainda adiantou que na próxima semana será feita uma revisão nos números sobre comercialização antecipada para a temporada 2020/21 (Reuters, 7/8/20)