17/03/2021

Soja vai gerar US$ 45 bilhões em exportações neste ano

Soja vai gerar US$ 45 bilhões em exportações neste ano

Legenda: Operador do Tiplam (Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita), em Santos, abre compartimento de trem com soja, para descarregar a carga e enviá-la para exportação Eduardo Knapp/Folhapress

 Atraso na colheita, porém, deixa indústria com baixa atividade nos primeiros meses.

As indústrias brasileiras de moagem de soja conseguiram comprar apenas 1,69 milhão de toneladas do produto em janeiro, o menor volume para o mês em nove anos.

Com isso, o processamento foi de apenas 2,17 milhões de toneladas no período, o menor em sete anos. Os dados são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), e representam 85% do que ocorreu no mercado. Empresas que detêm próximo de 15% das atividades do setor não deram informações.

Daniel Furlan Amaral, economista da entidade, diz que esse baixo volume se deve ao atraso na colheita. As máquinas já estão no campo e a oferta da oleaginosa será maior a partir de agora, tanto para a industrialização como para as exportações.

  Apesar de um início de ano a passos lentos, o setor de soja vai conquistar um feito inédito neste ano. Preços altos e safra maior vão gerar ao país um volume recorde de US$ 45 bilhões em divisas com exportações.

Só as vendas de 84 milhões de toneladas de soja em grãos vão trazer US$ 37 bilhões. Farelo e óleo completam as receitas com as vendas externas. A toneladas de soja, que estava em US$ 325 em fevereiro do ano passado, foi comercializada a US$ 503 no mês passado na Bolsa de Chicago.

O consumo de óleo de soja deste ano atingirá 9,2 milhões de toneladas. Deste volume, 5,7 milhões serão destinados à mistura de biodiesel ao diesel que, neste mês, subiu para 13%.

“A mistura é uma conquista para o país. Garante uma política de segurança energética, sem comprometer o sistema alimentar”, afirma o economista da Abiove (Folha de S.Paulo, 17/3/21)


 Soja: Peste suína africana na china pode afetar exportações dos EUA

O ressurgimento de surtos de peste suína africana (PSA) está atrapalhando os esforços da China para recompor seu plantel de suínos e diminuindo a esperança de agricultores dos Estados Unidos de vender mais soja para o país asiático neste ano.

Segundo relatório do Rabobank, o plantel de fêmeas vem diminuindo entre 3% e 5% ao mês desde dezembro. Autoridades chinesas previam que o número de animais retornaria aos níveis anteriores à doença este ano. Com os novos surtos, porém, isso só deve ocorrer depois de 2023, disse o Rabobank.

A peste suína africana, uma doença inofensiva para humanos mas quase sempre fatal para os suínos, afetou significativamente a oferta da China nos últimos anos. Em 2019, a propagação da doença reduziu o plantel do país em cerca de 40%, para 260 milhões de animais, de acordo com o Rabobank.

O novo surto vem pressionando as cotações de farelo de soja na CBOT, já que o derivado é comumente usado em ração animal. Em 12 de janeiro, os preços futuros do farelo atingiram US$ 474,10 a tonelada, o maior nível intraday desde junho de 2014. Desde então, os preços caíram cerca de 14%.

O ressurgimento da doença ameaça a forte demanda esperada para a soja dos EUA. O Departamento de Agricultura do país (USDA) prevê que as vendas externas de soja totalizarão 61,2 milhões de toneladas no ano comercial de 2020/21 - um terço a mais do que no ciclo anterior. Os preços da soja atingiram seus níveis mais altos desde junho de 2014 neste mês, a quase US$ 14,50 por bushel, impulsionados pela perspectiva de forte exportação.

Como resultado, os agricultores dos EUA devem plantar mais soja - 36,4 milhões de hectares nesta primavera (do Hemisfério Norte), a maior área desde 2017, estimou o USDA no mês passado.

"Se a PSA prejudica substancialmente o plantel de suínos na China, as expectativas de demanda por milho e soja são exageradas ou o cronograma está mais truncado?" perguntou o Steiner Consulting Group em nota em 10 de março.

Enquanto isso, os preços de suínos nos EUA subiram - com o contrato futuro mais negociado na CME ganhando 18% desde o início do ano. Eles precisam de carne suína, muita carne suína, tanto no curto quanto no longo prazo", disse Dennis Smith, corretor de commodities da Archer Financial Services (Dow Jones Newswires, 16/3/21)