03/02/2020

Sojicultores recorrem de decisão do MP contra plantio em fevereiro

Sojicultores recorrem de decisão do MP contra plantio em fevereiro

Associação foi impedida de produzir sementes de soja em áreas experimentais neste mês.

A Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso) deverá recorrer, nesta segunda-feira (3), da recomendação do Ministério Público do Estado do Mato Grosso contra o plantio de soja em fevereiro.

A associação queria estender o plantio até a primeira quinzena do mês, mas o calendário estadual não permite o cultivo após 31 de dezembro como forma de evitar a ferrugem asiática.

Na recomendação, a Promotoria pediu que o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso) suspenda autorizações excepcionais para o plantio e, para a Fundação de Experimento e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde, que conduz pesquisas na área, que adeque a metodologia.

A Aprosoja afirmou que o impedir a pesquisa é “o maior absurdo que pode existir” e defendeu que o plantio em fevereiro não aumenta o risco de propagação da ferrugem asiática.

Para a associação, o objetivo do plantio neste mês é a produção de sementes. Afirma que, com isso, o produtor teria um material de melhor qualidade do que as sementes atualmente fornecidas no mercado.

Ainda segundo a Aprosoja, as lavouras tardias —em dezembro— atualmente são a última alternativa que os produtores têm para fazer sua própria semente, o que acarreta o uso de até dez aplicações de fungicidas, contra menos de quatro das aplicações necessárias caso o plantio pudesse ser feito em fevereiro.

A entidade diz defender a sustentabilidade e o direito dos produtores de produzirem dentro da legalidade e segurança fitossanitária.

Antônio Galvan, presidente da entidade, diz que o não plantio em fevereiro favorece a reserva de mercado de detentores de sementeiras e indústria química, devido ao maior uso de agroquímicos em dezembro. 

Diz, ainda, que a Aprosoja abre as portas para entidades participarem das pesquisas e acompanharem os pareceres técnicos.

O Indea disse que, por enquanto, ficam suspensas as análises de autorização e, consequentemente, o plantio na primeira quinzena de fevereiro (Folha de S.Paulo, 2/2/20)