Vittia espera ano de crise, e vendas de insumos sofrem atrasos
Vittia está terminando o terceiro ano de baixa no ciclo do agro — Foto: Divulgação
Clima irregular, restrição de crédito e margens pressionadas serão desafios em 2026.
A Vittia, companhia brasileira especializada em biológicos, projeta mais um ano desafiador para o agronegócio em 2026, com clima irregular, restrição de crédito e margens pressionadas dominando as preocupações apresentadas no seu dia para investidores, realizado nesta terça-feira (9/12).
Durante o evento, o CEO Wilson Romanini e o CFO Alexandre Frizzo afirmaram que o setor vive um “momento de crise” e que a esperada recuperação só deve ocorrer quando o ciclo do agro finalmente virar.
Romanini afirmou que o cenário tem resultado em atrasos na comercialização de insumos agrícolas no país. Segundo ele, a falta de chuvas retardou o plantio em 2025, mas a companhia espera um desempenho mais forte no primeiro trimestre de 2026.
Do lado financeiro, o CFO Alexandre Frizzo afirmou que a empresa está “terminando o terceiro ano de baixa no ciclo do agro”, com chance de entrar em um quarto ano difícil. Ele avaliou que o ciclo deve se reverter, embora não espere essa virada para o ano que vem. “Os preços atualmente já não remuneram o setor adequadamente”, disse, ao comentar a pressão sobre margens.
Frizzo afirmou que o retorno sobre capital investido (ROIC) da companhia está abaixo do ideal, apesar de a Vittia apresentar margens e lucros superiores aos de concorrentes. No mercado brasileiro de produtos biológicos, a Vittia detém 7% de participação, segundo estudo da Kynetech citado no evento.
Segundo o CFO, há muitas empresas no segmento no país, mas muitas passam por dificuldades e, por isso, deve-se esperar que, diante de uma eventual nova queda nos preços, o processo de reorganização do mercado pode ser acelerado.
A empresa mantém alavancagem próxima de 1 vez dívida líquida/Ebitda e já realizou a recompra de cerca de 7% das próprias ações, com intenção de seguir nessa linha. Nos nove primeiros meses de 2025, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento superaram R$ 19 milhões.
Apesar do cenário, Romanini destacou o bom desempenho da linha de fertilizantes de solo. Embora essa categoria tenha menor rentabilidade, Romanini ressaltou que as vendas ocorrem em prazo curto, exigem menos capital de giro e possuem “altíssima liquidez”. Já na linha de fertilizantes foliares, observou que as vendas estão lentas, mas espera avanços em dezembro e no começo de 2025.
A expansão internacional também foi enfatizada como oportunidade estratégica. A empresa já possui 12 produtos registrados no México e iniciou o faturamento no país (Globo Rural, 11/12/25)

